Por Andreia Fanzeres, OPAN
Lábrea, AM – Um grupo de indígenas Jamamadi participou de uma expedição aos limites da Terra Indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamanti e, apesar de conhecerem como ninguém este território, encontraram, pela primeira vez, os marcos geodésicos que estabelecem a divisa com a Terra Indígena Hi-Merimã, de índios isolados.
No ano de 1998, foram colocados marcos geodésicos e as placas que indicam os pontos da demarcação. Mas, 15 anos depois, nenhum indígena conhecia esses locais. Naquela época, os Jamamadi não acompanharam o processo de demarcação, e com isso, foram se intensificado boatos, inclusive o de que esses marcos sequer existiriam de fato.
A partir da demanda dos indígenas em meio ao processo de etnomapeamento da TI Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, esta atividade foi realizada com o apoio da Operação Amazônia Nativa (OPAN), da Funai e da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) do Purus. Contou também com a presença de um ribeirinho da Reserva Extrativista Médio Purus. Ao localizar as placas e marcos geodésicos, os Jamamadi reforçam uma tendência de diálogo e entendimento com a FPE Purus para que não mais adentrem no território demarcado para os isolados a fim de extraírem o óleo de copaíba.
Acompanhando este objetivo, a OPAN tem promovido nas aldeias Jamamadi capacitações e oficinas de boas práticas para recuperar as copaibeiras na TI Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, diminuindo, assim, a pressão sobre os isolados. Além das atividades voltadas a uma maior produtividade e a um menor impacto nas copaibeiras, a OPAN vem realizando boas práticas e oficinas de extração artesanal do óleo de andiroba, recurso florestal não madeireiro presente em seu território e não explorado pelos indígenas. Deste modo, também a copaíba é menos pressionada.
Assim, uma nova alternativa de mercado para a comercialização se abriu para os Jamamadi. Uma cooperativa local de Lábrea (COOPMAS) se interessou pelos produtos e iniciou uma parceria com os indígenas, oferendo melhores preços. A criação dessa rede pode possibilitar que os indígenas acessem novos mercados e estabeleçam mais relações comerciais e sociais.
O apoio a essas atividades acontece no âmbito do projeto Conservação da Biodiversidade em Terras Públicas da Amazônia, numa iniciativa da OPAN em parceria com USAID, IEB, CSF, ACT Brasil, Metairelá e Kanindé. O objetivo é contribuir para a conservação da biodiversidade e a gestão de terras indígenas e unidades de conservação no sudoeste da Amazônia brasileira.