No texto apócrifo, que circula há meses na internet, há a reivindicação do “fim da repressão ao paulista sobre o tema da migração em sua própria terra”. O manifesto foi assinado por quase 1.500 pessoas, que também podem vir a responder, como a aluna de direito, pelo crime de incitação ao racismo. O texto relaciona a “alta criminalidade” e os “hospitais superlotados” à migração nordestina.
“Migrantes pretensiosamente julgam-se os responsáveis pela construção de S. Paulo […] Julgam-se coproprietários e não subordinados na terra alheia. Afirmam de forma usurpadora que São Paulo é de todos. E assim negam a soberania do paulista”, diz um dos trechos. Contraditoriamente, o manifesto afirma não compactuar com “ideias ilegais, clandestinas, desumanas ou intolerantes”.
Alguns dos signatários do movimento fazem comentários similares aos dos autores. “Foi o Nordeste o berço da sociedade colonial patriarcal e São Paulo a região que tirou o Brasil do atraso. Isso ninguém reconhece”, diz uma das mensagens.
INCITAÇÃO
Se condenados por incitação ao racismo, os investigados poderiam pegar de dois a cinco anos de prisão.
Mayara, que pediu no Twitter que seus seguidores “matassem um nordestino afogado”, também poderá ser indiciada por incitação ao crime. A pena é de três a seis meses de prisão ou multa.
Essa é a primeira vez que a delegacia de crimes raciais de São Paulo vai investigar um caso de preconceito no Twitter.
De acordo com a delegada Margarette Barreto, a apuração de autoria de crimes é mais complicada no mundo virtual porque os usuários costumam apagar seus perfis nas redes sociais quando casos polêmicos ganham notoriedade.
“Vamos fazer um trabalho sério dentro das possibilidades de prova”, disse.
A delegada afirma que os usuários das redes sociais podem contribuir com a polícia encaminhando a impressão de imagens de frases de outros usuários que incitem o preconceito ou o crime.
Segundo ela, as investigações de crimes virtuais geralmente demoram até que os registros eletrônicos dos autores – anônimos, muitas vezes- sejam rastreados.
No caso da estudante de direito, como a identificação já foi feita, a investigação deve ser concluída em até três meses.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=38094