Greve dos mapuches entra no quinquagésimo dia

Índios mapuches em greve de fome em diferentes penitenciárias chilenas vão receber a visita, iniciada hoje, pelo representante da Cruz Vermelha Internacional, Dr. Alan Delnur, que desembarcou ontem em Santiago.

A reportagem é de Héctor Carrillo e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 31-08-2010.

No domingo, a Gendarmeria não permitiu o acesso a três médicos que se deslocaram de Santiago até a prisão de El Manzano, em Concepción, para examinar os cinco mapuches que completaram 50 dias de protesto, nesta penitenciária. Segundo a rádio Bio Bio, os médicos não puderem ver os grevistas porque não tinham autorização da Promotoria Militar.

Os cinco mapuches presos em El Manzano, liderado por Hector Llaitul Carillanca, iniciaram o protesto no dia 12 de julho. Com o passar dos dias, outros companheiros foram se agregando à mobilização nas prisões de Valdivia, Temuco, Victoria e Angol.

A greve de fome deve-se ao protesto dos indígenas contra a aplicação da Lei Antiterrorista, na qual foram enquadrados, por lutarem pela defesa de suas terras ancestrais, e contra a montagem judicial do recurso das “testemunhas sem rosto”.

Outros grevistas estão presos no Cárcere de Segurança Máxima de Valdívia, nas prisões de Angol e de Lebu, além de indígenas das comunidades de Temucocuicui, Ranquilco e José Millacheo.

Muitos dos grevistas enfrentam dois processos simultâneos pela mesma causa, em tribunais civil e militar, acusados de “terroristas”. Eles são acusados porque participaram de manifestações pacíficas na defesa das terras que ocupam.

O relatório 2010 da Comissão Ética contra a Tortura aponta a existência de 57 presos políticos mapuches no sul de Chile, incluindo duas mulheres e duas crianças, repartidos em diferentes cárceres. Somando os processados com medidas cautelares aquele número sobre para 96 pessoas.

O governo recebeu esse relatório no dia 23 de junho que abarca o período de junho de 2009 a maio de 2010. Na quinta-feira, 26 de agosto, o presidente da República, Sebastián Piñera, visitou a área de Araucanía, no sul do país, e em nenhum momento fez referência aos mapuches em greve de fome.

O bispo católico de Temuco, Manuel Camilo Vial, advogou a necessidade urgente das partes iniciaram um diálogo, para que a greve de fome chegue a um bom termo, uma vez que a saúde dos grevistas é crítica. O presidente da Igreja Metodista, bispo Mario Martínez, e a pastora Gloria Rojas, da Igreja Evangélica Luterana no Chile (IELCH), apoiaram a proposta do líder católico.

O senador Alejandro Navarro visitou os grevistas da penitenciária de El Manzano e lamentou que o Estado sequer permita acompanhamento médico aos mapuches. “É preocupante a deterioração da saúde dos presos políticos, que já estão mais lentos, com dores estomacais e de cabeça. O governo faz ouvidos surdos perante este sensível drama que vivem os mapuches, que têm a convicção de que vão levar o protesto até as últimas conseqüências”, informou o parlamentar.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=35895

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