Como diz o Manifesto, a OAB já desempenhou papéis decisivos em momentos duros da nossa História. Por isso mesmo, não merece estar se apequenando e amesquinhando como vem acontecendo em alguns estados, traindo inclusive seu próprio Estatuto, como pode ser visto em trechos grifados por este Blog. Pela OAB passa a escolha do chamado “quinto constitucional”, onde são escolhidos Ministros dos Tribunais Superiores e desembargadores, muitos dos quais ultimamente temos visto cumprindo tristes papéis de subserviência ao capital e legitimando violações dos direitos das populações. E a própria OAB é composta, vale lembrar, por Comissões diversas, como as de Direitos Humanos, do Municipal e Urbanístico e de Meio Ambiente, fundamentais para as nossas lutas. Só podemos, pois, apoiar o Manifesto do Ceará e esperar que seu exemplo seja seguido por outros estados, advogados e entidades. Que a OAB volte a ser parceira e motivo de orgulho para tod@s que lutam pela democracia, em lugar de arena corporativista de disputa de benesses e privilégios. TP.
“Os(as) advogados(as), estudantes, organizações da sociedade civil e de direitos humanos e demais integrantes da sociedade em geral, que assinam este manifesto, vêm apresentar o desejo de terem a Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará / OAB-CE, novamente, como instrumento da sociedade para a efetivação de direitos humanos e justiça social, como determina seu Estatuto (art. 44, I). A OAB, por diversos episódios da nossa história, colocou-se ao lado da população, inspirada por princípios democráticos e republicanos. Esta deve ser a tônica da Instituição.
Para tanto, isto não só passa pela valorização da advocacia, mas deve ir além. Infelizmente, vivemos numa democracia formal e muito temos que avançar. Grande parte da população está excluída dos bens necessários à sobrevivência, isto porque uma parcela maior ainda está distante das decisões políticas. Reflexo disto é que obras e empreendimentos são propostos e realizados, violando a legislação pertinente, sem que os estudos necessários tenham sido elaborados, e, o mais importante, não ouvindo a população impactada.
A nossa juventude é assassinada (39,7% das mortes de jovens são causadas por homicídio[i]) ou encarcerada (o número de jovens internados aumentou 360%[ii] de 1996 a 2006) representando uma reprodução de preconceitos e estigmas sociais já existentes (houve aumento de 20,2% dos homicídios de pessoas negras e baixa no índice da população branca[iii]). A violência e a opressão sobre as mulheres ainda corroem a nossa sociedade (o Ceará teve um aumento de 75% da taxa de homicídio de mulheres[iv]) A homofobia é realidade que assombra as pessoas, cerceadas em seu direito de amar. Os(as) trabalhadores(as) têm, sistematicamente, pela Justiça, o seu direito de greve tolhido[v]. A cultura é colocada como algo não prioritário[vi], o que desconstrói a identidade das nossas cidades[vii], dos povos e das comunidades tradicionais[viii] e originárias. Ademais, está-se ainda longe de termos uma justiça fundiária, pela falta de uma reforma agrária efetiva e de demarcação das terras das culturas populares, dos nossos povos indígenas e quilombolas.
O Brasil está vivendo um ciclo de forte crescimento econômico, que deve ser convertido em benefício de toda a sociedade, com respeito à sustentabilidade ambiental, à democracia participativa, às vocações locais e às reais necessidades da população.
O próximo triênio de gestão da OAB-CE viverá isto de forma intensa, com a vinda da Copa do Mundo[ix] (com a escolha de Fortaleza para sediar jogos em 2014) e a anunciada exploração de urânio e ferro, aqui no Ceará. Isto requer uma OAB-CE forte, vigilante e atuante, para que a população tenha voz, contrabalanceando a força dos interesses econômicos de poucos. Os Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais não podem ser flexibilizados, relativizados ou suprimidos ao alvedrio de interesses privados.
A ética social que aqui propugnamos para a OAB não é uma ética vazia de sentido, mas voltada ao seu escopo, qual seja: “defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os Direitos Humanos, a Justiça Social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas”. Defende-se, desde as eleições, a observância desses critérios.
O processo eleitoral da OAB não pode distanciar-se do que é previsto na legislação eleitoral pátria e de princípios que devem nortear qualquer processo eletivo, como a publicidade, a transparência e a democracia. Assim, para que a categoria saiba quais são os compromissos de cada chapa, o grau de envolvimento de certos setores da sociedade com quem assumirá a Instituição, deve haver prestação de contas públicas, periódicas, durante a campanha, posto que “A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional.” ( ADI 3026/2006, STF)
Por fim, estes(as) estudantes, profissionais do Direito e integrantes da sociedade em geral, abaixo-assinados(as), manifestam-se por um sistema de justiça que realmente atue segundo o seu escopo, saia da retórica. As instituições não podem mais existir pra si e/ou só para seus integrantes. As instituições que compõem o sistema de justiça têm sua razão de ser no serviço prestado à sociedade. Nisto que deve se pautar o debate sobre a sucessão da OAB-CE. Neste intuito, é que se convida os(as) colegas a se somar a este movimento por uma Ordem que retorne à posição de destaque, a serviço da população cearense, para que oportunize ao(à) advogado(a) cumprir com sua função social, prevista em lei.
- Adriana Oliveira Pinto OAB-CE 19.149
- Ana Virgínia Porto de Freitas OAB-CE 9.708
- Arnaldo Fernandes, Advogado OAB/CE 24.987, militante de Direitos Humanos, Reforma Urbana e Ambientalista.
- Assis Aderaldo, advogado OABCE 14.873
- Bárbara Lia Gomes de Melo OAB-CE 18.811
- Brunna Grasiella Matias Silveira OAB-CE 25.099
- Carlos Augusto M. de Aguiar Júnior. OAB 20.155
- Cyntia Oliveira Tanimoto OAB-CE 25.100
- Daniella Alencar Matias, OAB-CE 17.714
- Davi Aragão Rocha OAB-CE 21.452
- David Oliveira Barbosa OAB-CE 16.161
- Émille Rabelo de Oliveira OAB-CE 21.329
- Eric Gomes da Mota OAB-CE 25.341
- Ésio Feitosa Lima OAB-CE 11.075
- Francisco Carlos Mourão Neto OAB-CE 23.967
- Francisco Cláudio Oliveira Silva Filho OAB-CE 20.613
- Gabriela Gomes Costa OAB-CE 22.956
- George Felicio Gomes de Oliveira OAB-CE 16.759
- Henrique Botelho Frota OAB-CE 18.477
- Homero Bezerra Ribeiro OAB-CE 22.622
- Igor Moreira de Sousa Pinto OAB-CE 15.449
- Ingrid Viana Soares OAB-CE 19.296
- Isabelle de Castro Maciel OAB-CE 18.323
- Jacqueline Alves Soares OAB-CE 17.532
- Jairo Rocha Ximenes Ponte OAB-CE 15869
- João Alfredo Telles Melo, Vereador, Professor e Advogado – OAB-CE 3.762
- Jordanna Monteiro Sant’Ana e Siqueira OAB-CE 25.134
- José Arlindo Nogueira de Moura Júnior OAB-CE 23.320
- José Ilton Lima Moreira Junior OAB-CE 19.777
- Jousyane Lavor Costa OAB- CE 22.604
- Larissa Maria Fernandes Gaspar da Costa OAB-CE 19.345
- Luanna Marley de Oliveira e Silva- advogada
- Marcelo Pessoa Pontes OAB- CE 17.715
- Márcio Alan Menezes Moreira OAB-CE 18.728
- Márcio José de Souza Aguiar OAB-CE 15.941
- Maria Filomena de Castro Maciel OAB-CE 11671
- Maria Gabriela Lima OAB-CE 23.220
- Maria Isabel Rocha Bezerra Sousa, feminista, OAB CE 24.903
- Maria de Lourdes Vieira Ferreira OAB 19.807
- Marília Passos Apoliano Gomes, OAB-CE 24.336
- Mário Ferreira de Pragmácio Telles OAB-CE 19.624
- Nadja Furtado Bortolotti OAB-CE 16.514
- Natasha Raíssa Souza Bandeira, OAB-CE 25.557
- Patricia Kelly Campos de Sousa OAB-CE 12.930
- Patrícia Oliveira Gomes OAB-CE 20.594
- Pedro de Albuquerque Neto OAB-CE 16.224
- Renato Roseno de Oliveira OAB-CE 14.906
- Rodrigo de Medeiros Silva OAB-CE 16.193
- Rodrigo Vieira Costa OAB-CE 20.101
- Stella Maris Nogueira Pacheco OAB-CE 25.643
- Talita Araújo Maciel 19.502
- Tassiana Lima Alves OAB-CE 16.628
- Toinha Rocha OAB-CE 9.429
- Verônica Camila Lima Maia OAB-CE 24747
- Vitor Melo Studart OAB-CE 24.825
- Zaneir Gonçalves Teixeira OAB-CE 12.638
- Walber Nogueira da Silva OAB-CE 16.561
MOVIMENTOS/ORGANIZAÇÕES/ ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL
- Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME/MR Ceará
- Associação Civil Alternativa Terrazul
- Associação 64/68 Anistia
- Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza
- Cáritas Brasileira Regional Ceará
- Centro de Assessoria Jurídica Universitária CAJU- UFC
- Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará/CEDECA-CE
- Comissão Pastoral da Terra do Ceará, CPT-CE
- Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceará – COPICE
- Escola de Formação Política e Cidadania- ESPAF
- Fórum Cearense de Mulheres
- Instituto Terramar
- Movimento Ibiapabano de Mulheres- MIM
- Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas no Ceará/MLB-CE
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Ceará/MST-CE
- Pastoral do Menor- Nordeste
- Serviço de Assessoria Jurídica Universitária Popular, SAJU/Ceará
SOCIEDADE EM GERAL
- Alessandra Guerra- Liberdade de Amor entre as Mulheres- LAMCE
- Bruna Gurgel Barreto de Oliveira, estudante de Direito da UNIFOR
- Caio Anderson Feitosa Carlos, Cientista Social e metrando em Sociologia pela UFC
- Carlos Wendel Feitoza de Araújo, estudante de Direito da Unifor
- Cristiane Faustino, militante do Fórum Cearense de Mulheres
- Dillyane Ribeiro, estudante de Direito da UFC
- Emília Lopes – profa. de Direito da Infância e da Juventude (Unifor) e mestranda em Direito Constitucional (Unifor)
- Fernando Antonio Silva Carvalho, biólogo e professor da Rede Municipal de Fortaleza.
- Francerina Ferreira, assistente social, movimento de infância
- Helena Martins, jornalista
- Jackson Dnajá Nobre Figueiredo, SAJU/CE, estudante de Direito da UNIFOR
- Jessica Fontenele Sales, estudante de Direito, UFC
- Jorge Tabajara, Liderança Indígena Tabajara, estudante de Direito da FGF
- Josael Lima, economista, ecologista e professor
- Karoenna Vieira Saraiva Casimiro, estudante de Direito da UNIFOR.
- Lia Bezerra Araújo Souza, estudante de direito da UFC, NAJUC
- Luciana de Souza Queiroz, engenheira de pesca e ambientalista
- Maria Glória Carvalho, mestre em Administração Rural e Desenvolvimento UFLA
- Mariana Rosa, bacharel em Direito da UNIFOR, assessoria jurídica do MST-CE
- Mário Albuquerque, Conselheiro da Comissão Federal de Anistia
- Mayara Moreira Justa, Estudante de Direito da UFC e Membro do Núcleo de Assessoria Jurídica Comunitária – NAJUC
- Monyse Ravenna de Sousa Barros, jornalista, UFC
- Naiara Braz Sidrim, bacharel em Direito UFC
- Natália Martinuzzi Castilho, mestrado UNISINOS e bacharel em Direito UFC
- Odete Oliveira Pereira, bacharel em Direito na UNIFOR
- Patrícia Amorim Teixeira Loureiro, assistente social, UECE
- Pryscila Saturnino de Oliveira, estudante de Direito UFC
- Raphael Fernando Braga Gonçalves, médico-veterinário (UECE), mestre em ciências veterinárias (UECE), estudante de Direito (UFC)
- Rogério Costa, psicólogo e ambientalista
- Rosella Régis de Albuquerque Isacksson, educadora física
- Talita de Fátima Pereira Furtado Montezuma, estudante de Direito da UFC
- Thiago Valentim Pinto Andrade, Educador Popular e Coordenador Regional da CPT CE
- Valéria Pinheiro, mestrado IPPUR/UFRJ e bacharel em Direito UFC
- Weibe Tapeba, Liderança Indígena Tapeba, estudante de Direito da FGF
OUTRAS ADESÕES
- Tania Pacheco, integrante do GT Combate ao Racismo Ambiental
[i] Mapa da Violência de 2011.
[ii] Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
[iii] Mapa da Violência de 2011.
[iv] Mapa da violência 2011.
[v] Greve dos professores do Município de Fortaleza em 2011 foi considerada ilegal (acessado em http://politika.jangadeiroonline.com.br/fortaleza/justica-decreta-ilegalidade-da-greve-dos-professores/, disponível em 05/02/12). Greve dos professores do Estado do ceará em 2011 foi considerada ilegal (acessado em http://politika.jangadeiroonline.com.br/fortaleza/justica-decreta-ilegalidade-da-greve-dos-professores/, disponível em 05/02/12). A greve dos motoristas de ônibus de Fortaleza foi considerada ilegal em 2010 (acessado em http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4621798-EI8139,00-TRT+ordena+reajuste+salarial+para+motoristas+de+onibus+no+CE.html, disponível em 05/02/12).
[vi] Sítios Arqueológicos do Cumbe, Aracati-CE, foram retirados para a UFRN, para dar prioridade as obras do PAC, com energia eólica.
[vii]Farmácia Oswaldo Cruz, da Praça do Ferreira ameaçada (acessada em http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=333074&modulo=966, disponível em 05/02/12). Chácara Flora, em processo de tombamento em Fortaleza, foi demolida. (acessado em http://www.jangadeiroonline.com.br/fortaleza/predio-em-processo-de-tombamento-e-demolido-em-fortaleza/, disponível em 05/02/12).
[viii]O Estudo de Impacto Ambiental da obra da Barragem Figueiredo, na Região do Jaguaribe, não observou o patrimônio histórico, cultural e arqueológico das comunidades locais (acessado em http://blogs.diariodonordeste.com.br/valedojaguaribe/cultura/justica-federal-ordena-paralisacao-das-obras-na-barragem-figueiredo/, disponível em 05/02/12).
[ix] Até 170 mil pessoas podem ser removidas com as obras da Copa no Brasil (acessado em http://www.gazetadopovo.com.br/copa2014/estrutura/conteudo.phtml?id=1202503, disponível em 05/02/12).
Enviada por Rodrigo de Medeiros Silva.
Pode me colocar como Estudante de Direito FIC