Funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) foram feitos reféns em uma aldeia indígena em Mato Grosso.
A ação é um protesto dos índios contra a construção de hidrelétricas na região. Eles estão presos no local desde a última segunda-feira (17).
Os índios são das etnias Kayabi, Apiacá e Munduruku, cujas terras estão localizadas no norte de Mato Grosso. A população das três etnias, juntas, é estimada pela Funai em 10 mil pessoas.
Eles decidiram manter detidos cinco funcionários da Funai e dois da EPE que estavam na aldeia cayabi para apresentar o projeto da hidrelétrica de São Manoel, que afetará seus territórios.
Além de criticarem a construção da usina, eles reclamam da demora na demarcação do território indígena dos cayabi, o que daria a eles mais segurança sobre a posse da terra.
O empreendimento é uma das seis usinas que o governo federal planeja construir no rio Teles Pires, na divisa entre Pará e Mato Grosso. A hidrelétrica deve custar quase R$ 2 bilhões, mas ainda não tem a licença prévia, primeira etapa para a obra.
De acordo com a Funai, não houve violência na detenção dos funcionários e eles estão livres para se locomover dentro da aldeia.
A Funai está negociando a soltura dos funcionários e propôs, nesta quarta-feira (19), que os índios formassem uma comissão para ser recebida por integrantes do governo federal na próxima semana, quando suas reivindicações seriam discutidas.
Para liberá-los, porém, os índios pedem a presença do presidente da Funai, Márcio Meira, e a garantia de que seja feita a demarcação da terra.
O cacique Cecílio Kayabi diz que os índios esperam há cerca de 20 anos pela demarcação, sem resposta. “Para construir hidrelétricas na área, o governo federal é ágil”, afirma.
Outro líder da comunidade, Taravy Kayabi, disse que eles se basearam na ideia de índios no Rio Grande do Sul, que mantiveram refém o presidente da Funai no início do mês.
Enviada por Vania Regina Carvalho.