O concerto experimenta o que Deleuze chama de “projetos de fuga”. Os projetos de fuga são um fio de navalha que nos ‘desterritorializam’ para fora do conhecido e nos dão novos olhos para o ofício e a existência.
Os instrumentos monocórdios são a base e abrem vastas possibilidades para a voz viajar no som fundamental, na nota-gênese, fazendo tudo pulsar num só coração, numa só corda, como nos propõe a etimologia da palavra.
Essa ‘uma corda’ funciona como uma linha do tempo para abordagens desconhecidas e intrigantes. Os dedos do percussionista passeiam pelo ritmo mântrico-melódico dos sons iniciáticos que acompanham o espírito do homem desde o seu surgimento sobre a face da terra. A voz da cantora mergulha crua nesse encantamento que ora maravilha ora incomoda.
Formação do Duo
Déa Trancoso: voz, rabeca de duas cordas, flauta indígena uruá
Carlinhos Ferreira: flauta indígeno-andina muqueño, kalimba, gongo chinês, berimbau, tambor caxambu, tumbi, berimbau de boca, loop station, wave