Atividade reuniu mais de 150 lideranças de 15 estados
De acordo com as lideranças do movimento, o Congresso buscou retomar as estratégias de luta, de enfrentamento ao racismo e a construção de um projeto político a partir do povo negro. “As novas formas como o racismo se manifesta torna necessária uma reorganização de estratégias que o enfrente em todos os espaços e nas configurações em que ele se manifesta na área urbana e na área rural”, afirmou a coordenadora estadual do MNU em Minas Gerais, Angela Gomes, que é integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial por notório saber.
De acordo com a coordenadora, nos últimos anos o programa de ação do MNU de há 36 anos teve uma parte importante de suas propostas transformadas em políticas públicas, mas, “assumir o racismo e as conquências dele nos territórios de matriz africana revela o estado da guerra racial, simbólica e física, que se manifesta no Brasil há mais de 300 anos”.
“Faremos um balanço desses 36 anos, resgatando o papel do MNU enquanto escola que construiu uma pedagogia para o ensino do que foi esse atlântico negro em termos de territórios negros e que, ao mesmo tempo, revelou que a estratégia racial e de exploração de classe são indissociáveis de um projeto eugênico e eurocêntrico”, afirmou Angela Gomes. Segundo ela, o MNU foi também responsável por evidenciar que a matriz africana não desapareceu, revelando territórios simbólicos como os quilombos, o samba etc, como cultura muito mais dialógica do que a cultura eurocêntrica teria tentado impor.
“O congresso vem nesse momento, retoma a importância do enfrentamento do racismo nas ruas para garantir o direito de ir e vir; reconhece a necessidade de marchas pelo enfrentamento da violência contra a juventude, contra as mulheres negras, e pelo combate à violência policial contra negros e negras”, concluiu.