*para Combate Racismo Ambiental
A Militante, ainda inocente, recebe a Peça como um prêmio. Repara-a, inicialmente. Folheia-a. Passa os olhos, numa leitura dinâmica. Pousa a vista aqui e acolá, e corre os seus sete capítulos, bem concatenados, e lhe fica a ideia de uma peça teatral à moda Mocinho e Bandido. O Mocinho é a Norte Energia, denominada apenas de Autora, e o Bandido seria o MAB, colocado como Réu.
As cenas se passam na cabeça de advogados que recebem rios de dinheiro para construir a ‘verdade’ da empresa. Eles não medem esforços; abusam da criatividade, com narrativas fantásticas em torno da Norte Energia, pintando-a de deusa na Amazônia, destacando-lhe o caráter público numa iniciativa privada, demonstrando, inclusive, que um atraso na barragem de Belo Monte seria um imenso prejuízo para o Brasil, cujo povo, na cabeça fantasiosa dos advogados, atiçada por gordos salários, aguardaria ansioso a energia da hidrelétrica.
Após exaltar seus intentos, tidos por legais, a Norte Energia é apresentada como vítima de uma armação terrível que estaria sendo orquestrada pelo MAB. Nesse item, o enredo se assemelha ao de filme policial. Quem vê a Peça, bem articulada, embora pudesse incluir-se no gênero da ficção energética, imagina ser mesmo tudo verdade; e começa a torcer pelo Movimento, já que ele, embora com o papel de Bandido, aparece com uma tarefa hercúlea, de um ratinho contra um Leopardo. Os argumentos são fartos e fantásticos, procurando demonstrar, por todos os meios, que a Norte Energia, um conglomerado de grandes empresas construindo a 3ª maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada, estaria sendo ameaçada, realmente.
Como reforço à tese de vítima, seguindo a lógica do Mocinho contra o Bandido, faz-se um farto levantamento de literatura para corroborar o argumento principal de que o MAB seria o inimigo perigoso. Recorre-se a fotos de militantes, recortes de jornais, Site do próprio Movimento. Levantam-se supostos fatos tidos como criminosos ocorridos no Sul do Brasil, em Tucuruí, em Altamira. O mesmo esforço para se traçar a epopeia exitosa da Norte Energia aplica-se, agora, para destroçar o Movimento. (mais…)
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