Maré: vida sob a ocupação

29 de março. O Exército entra no Complexo da Maré
29 de março. O Exército entra no Complexo da Maré

Mídias livres, teatro popular, associações, protestos. Como resiste a maior favela carioca ao crime organizado e a cinco meses de violências do Bope e Exército

Reportagem especial de Lia Imanishi, do Retrato do Brasil, parceiro de Outras Palavras

O complexo da Maré é um conjunto de 16 comunidades de moradores formado por ruelas, becos e construções apinhadas com acabamento e infraestrutura precários que foram sendo erguidas em meio a pequenas ilhas e manguezais à margem da baía de Guanabara, na capital do Rio de Janeiro, a partir dos anos 1940. Famílias desalojadas por obras urbanísticas e viárias no centro da cidade passaram a construir ali casas sobre palafitas e viviam, sobretudo, da pesca, ao sabor das marés. A região foi sendo paulatinamente aterrada, com rejeitos de obras da população vizinha e entulho transportado por caminhões do serviço público. Hoje, a Maré abriga cerca de 130 mil pessoas e é considerada o maior complexo de favelas do Rio. É também uma das áreas mais pobres da cidade. Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região foi o 123º colocado, entre as 126 áreas administrativas do Rio.

A Maré é próxima das três principais vias expressas do Rio: avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha, rotas obrigatórias para o aeroporto internacional Tom Jobim, para São Paulo e as zonas norte, oeste e sul da cidade. Como estão sempre congestionadas, os moradores da Maré têm um sério problema de mobilidade, além de respirar o ar mais poluído da capital. (mais…)

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Milícias, como no tempo da ditadura

Protesto na Maré contra o assassinato de dez membros da comunidade, julho/2013
Protesto na Maré contra o assassinato de dez membros da comunidade, julho/2013

Acobertados pela PM e mídia, grupos ilegais tornaram-se mais fortes que tráfico, mantêm favelas sob terror e podem ter copiado métodos dos torturadores. 

Por Lia Imanishi Rodrigues* – Outras Palavras

A ação das Forças Armadas para combater supostos inimigos internos, como na época das ditaduras do Estado Novo (1937–1945) e militar (1964–1985), resultou em episódios vergonhosos, como se pode aferir pelos trabalhos das Comissões da Verdade instaladas para apurá-los. Essas investigações mostram que o comando das Forças Armadas brasileiras não colabora no esclarecimento dos crimes cometidos por seus integrantes.

Em meados do mês passado, os comandos das três forças – Exército, Marinha e Aeronáutica – enviaram à Comissão Nacional da Verdade uma resposta que mostra essa disposição. A comissão havia solicitado a eles que informassem sobre o uso ilegal de sete unidades militares: os antigos Destacamentos de Operações de Informações do Exército (DOI), no Rio, em São Paulo e no Recife; os quartéis da 1ª Companhia da Polícia do Exército da Vila Militar, no Rio, e do 12º Regimento de Infantaria do Exército, em Belo Horizonte; a Base Naval da Ilha das Flores e a Base Aérea do Galeão, ambas no Rio. Nesses locais, teriam sido torturadas pelo menos 15 pessoas e mortas pelo menos nove. (mais…)

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Camila Jourdan, presa política

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Quem é a professora de Filosofia encarcerada no Presídio de Bangu, sem que Polícia ou Justiça fluminenses apresentem indício de ilegalidade que tenha cometido

Por Ronai Rocha, editor de Coisas do Campo | Imagem Alexandre Noronha Machado

Camila Jourdan formou-se em Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2002. Fez seu mestrado na PUC do Rio, em 2005, e também na PUC concluiu em 2009 seu Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Depois, foi bolsista CAPES-PRODOC na Universidade Federal do Paraná, entre 2009 e 2010. Nos dias de hoje é professora adjunta do Departamento de Filosofia da UERJ e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Eu a conheci aqui em Santa Maria, nos encontros anuais dos Colóquios CONESUL sobre filosofia das ciências formais, onde apresentou, por mais de uma vez, o resultado de suas pesquisas. (mais…)

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Rio de Janeiro sob Estado de Sítio

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Polícia e Judiciário fazem prisões arbitrárias, sem provas ou direito de defesa, rasgando Constituição. Mídia esconde fatos. Ministro da Justiça conivente

Por João Batista Damasceno, entrevistado por Conceição Lemes, no Viomundo

Nessa sexta-feira 11, a 27ª Vara Criminal da cidade do Rio de Janeiro expediu 26 mandados de prisão temporária e dois de busca e apreensão de menores de idade.

A maioria foi detida em 12.07. Acusação: formação de quadrilha armada, com pena prevista de até três anos de reclusão.

Em entrevista coletiva nesse sábado, o chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Fernando Veloso, justificou: “Estamos monitorando a ação desse grupo de pessoas desde setembro do ano passado. A prisão delas vai impedir que outros atos de violência ocorram neste domingo”.

Veloso disse que a polícia fluminense tem provas “robustas” e consistentes” de que “essa quadrilha pretendia praticar atos violentos se não hoje, amanhã [domingo]”. (mais…)

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Entrevista a Mia Couto

Mia Couto, fotografia de José Eduardo Agualusa
Mia Couto, fotografia de José Eduardo Agualusa

Duas horas com Mia Couto numa envolvente conversa que atravessa vários aspectos dos seus interesses e percursos. Como chegou até aqui, as suas geografias afectivas, Moçambique e os duros momentos de violência, a utopia da Independência, a diversidade de povos e seus modos de vida como inspiração para as histórias, o ambiente e o modelo de desenvolvimento a descobrir. Não é uma entrevista onde predomine o assunto literário, apesar do autor moçambicano desejar ter mais tempo para se dedicar à escrita. Pensando também em como levar o prazer da leitura mais longe e como ajudar a fazer surgir novos escritores.

Marta Lança – Buala*

Um escritor no terreno 

Como consegue articular o mundo corrido de escritor, cheio de entrevistas e viagens, com a vida de biólogo em Moçambique?

É difícil. Antes era um problema, agora é uma angústia. Tenho de resolver isso, retirando tempo de algum lado. A questão não é ter mais tempo, pois inventamos o tempo que se tem, é mais ser um tempo nosso, que a escrita nos pede. Um tempo para estar com as personagens. É inevitável que transporte problemas, o que me faz ser menos disponível para as histórias. (mais…)

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18 de Julho: Dia Internacional Nelson Mandela (1918-2013)

Nelson Mandela

Luanda – Assinala-se hoje, 18 de Julho, pela quinta vez, o Dia Internacional Nelson Mandela, instituído em Novembro de 2009 pela Assembleia-geral da ONU, devido à contribuição do ex-presidente sul-africano para a cultura da paz e da liberdade.

Angop

Por consenso dos 192 países membros, a ONU determinou que, a partir de 2010, se passe a celebrar o Dia Internacional Nelson Mandela, na data do aniversário do dirigente negro que, em 1993, partilhou o Prémio Nobel da Paz com o seu compatriota sul-africano Frederik de Klerk.

A Assembleia-geral decidiu assim reconhecer a contribuição fundamental de Mandela, para a resolução dos conflitos, a liberdade no mundo e a promoção das boas relações entre todos os grupos étnicos.

Reconheceu também a dedicação de Mandela ao serviço da humanidade da resolução de conflitos, relações entre raças, promoção e protecção dos direitos humanos, reconciliação, igualdade entre os sexos e os direitos das crianças e de outros grupos vulneráveis.

Na mensagem do ano transacto, por ocasião da data, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, considerou Nelson Mandela “um combatente da liberdade, um prisioneiro político, um pacifista e um presidente. Curador de nações e mentor para gerações (…) Nelson Mandela é um símbolo vivo de sabedoria, coragem e integridade”. (mais…)

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