Mídias livres, teatro popular, associações, protestos. Como resiste a maior favela carioca ao crime organizado e a cinco meses de violências do Bope e Exército
Reportagem especial de Lia Imanishi, do Retrato do Brasil, parceiro de Outras Palavras
O complexo da Maré é um conjunto de 16 comunidades de moradores formado por ruelas, becos e construções apinhadas com acabamento e infraestrutura precários que foram sendo erguidas em meio a pequenas ilhas e manguezais à margem da baía de Guanabara, na capital do Rio de Janeiro, a partir dos anos 1940. Famílias desalojadas por obras urbanísticas e viárias no centro da cidade passaram a construir ali casas sobre palafitas e viviam, sobretudo, da pesca, ao sabor das marés. A região foi sendo paulatinamente aterrada, com rejeitos de obras da população vizinha e entulho transportado por caminhões do serviço público. Hoje, a Maré abriga cerca de 130 mil pessoas e é considerada o maior complexo de favelas do Rio. É também uma das áreas mais pobres da cidade. Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região foi o 123º colocado, entre as 126 áreas administrativas do Rio.
A Maré é próxima das três principais vias expressas do Rio: avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha, rotas obrigatórias para o aeroporto internacional Tom Jobim, para São Paulo e as zonas norte, oeste e sul da cidade. Como estão sempre congestionadas, os moradores da Maré têm um sério problema de mobilidade, além de respirar o ar mais poluído da capital. (mais…)