SDH – Nesta quinta-feira (10), o Tribunal do Júri no Fórum de Santana, na capital paulista, condenou um ex-cabo da Polícia Militar de São Paulo pela morte de três jovens, em 2006, em uma das violações de direitos humanos ocorridas durante os chamados “crimes de maio”. O réu foi condenado por homicídio qualificado a 36 anos de prisão e a perda do cargo público, mas poderá recorrer da decisão em liberdade.
Foi o primeiro policial que respondeu a processo e foi condenado pelos crimes de maio. A série de assassinatos que ocorreu em São Paulo naquele período é atribuída a supostos grupos de extermínio formados por policiais em retaliação aos ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo o relatório divulgado pela Comissão Especial criada, em 2010, no âmbito do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), os ataques deixaram 564 mortos e 110 feridos no período de 12 a 21 de maio de 2006. Os dados foram elaborados pela comissão com base nos boletins de ocorrência e laudos periciais de mortes causadas por armas de fogo.
“As mães e pais dos jovens assassinados jamais poderão abraçar seus filhos novamente, mas ao menos tiveram um alento em sua dor ao ver que a justiça foi feita”, ressaltou a coordenadora-geral do CDDPH,Tassia Rabelo de Pinho. “A realização do primeiro júri referente ao caso, com a condenação do ex-cabo da Polícia Militar é uma demonstração de que a luta incansável dos movimentos de combate à violência surte efeito.”
Crimes de Maio
Em 12 de maio de 2006, a organização criminosa PCC deflagrou diversas rebeliões em presídios de todo o Estado de São Paulo. Enquanto rebeliões ocorriam no sistema carcerário, delegacias de polícia, viaturas e prédios públicos também foram alvos de ataques armados.
Essa onda de crimes, segundo especialistas em direitos humanos e segurança pública, provocou uma reação violenta de grupos de extermínio, com execuções sumárias, chacinas, centenas de homicídios e diversos desaparecimentos.
Assessoria de Comunicação Social com Agência Brasil.