O ministro Gilberto Carvalho afirmou que a esquerda acaba sendo usada pela direita para fazer uma porção de ações que a direita não tem coragem de fazer. A declaração foi registrada pela Folha de S. Paulo em um seminário nesta sexta (16).
Para um leitor desavisado, ele estava fazendo uma crítica à suposta instrumentalização da esquerda pela direita nos protestos relacionados à Copa do Mundo.
Mas, na verdade, ele simplesmente desabafou.
Afinal de contas, deve ser bem difícil para militantes históricos, que sempre empunharam posições de esquerda, levar a reforma agrária a conta-gotas, enrolar populações indígenas desterradas, construir grandes obras (como a hidrelétrica de Belo Monte) sem realizar consultas com a população diretamente envolvida, destinar bilhões para salvar a incompetência de determinadas indústrias poluidoras enquanto promete desenvolvimento de forma sustentável e tratar múmias da ditadura, fundamentalistas religiosos e ruralistas exagerados como se fossem BFF (Best friends forever).
Ou seja, uma porção de ações que a direita tem coragem de fazer, porque possui know-how para tanto. Mas feito por um partido que se autointitula de esquerda, tem um gosto especial na boca de muita gente.