A Comissão Nacional da Verdade realiza em Goiânia, amanhã (15 ), na Assembleia Legislativa, audiência pública sobre a luta camponesa de Trombas e Formoso, iniciada ainda nos anos 50, no então meio-oeste goiano (atualmente o norte do Estado). A audiência é uma realização da CNV com a Associação dos Anistiados Políticos de Goiás (Anigo) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (CDH-Alego).
A mesa será composta por Maria Rita Kehl, integrante da CNV que coordena o grupo de trabalho “Graves violações de Direitos Humanos no campo ou contra indígenas”, o deputado Mauro Rubem (presidente da CDH-Alego), Marcantônio Dela Côrte (presidente da Anigo) e Dirce Machado da Silva (representante da Associação de Lavradores de Trombas/Formoso).
Durante a audiência, serão colhidos depoimentos de participantes da luta pela posse de terra em Trombas e Formoso, um dos movimentos camponeses mais importantes que já ocorreram no estado de Goiás. Vítimas e parentes de integrantes do movimento perseguidos antes e durante a ditadura militar também serão ouvidos. O mandato da CNV cobre o período de 1946-1988. Ao todo, está programada a oitiva de 11 pessoas.
História – A Revolta de Trombas e Formoso começou em 1950, no meio-oeste de Goiás, nos limites que o Estado tinha antes da criação de Tocantins. De um lado, camponeses sem terra, apoiados por estudantes, operários e militantes de grupos de esquerda. Do outro, grileiros, assistidos por jagunços e forças policiais. Após dez anos de conflitos, de luta política e também de luta armada, o movimento camponês conseguiu assegurar a vitória, uma das únicas no Brasil republicano.
Porém, com o golpe de 64, os camponeses da região foram perseguidos e torturados. No início dos anos 70 a repressão foi brutal. A região foi assolada pela Operação Mesopotâmia, que buscava desmobilizar supostos apoios camponeses à Guerrilha do Araguaia.
José Porfírio, um dos líderes da revolta, eleito deputado estadual após a vitória dos camponeses, foi literalmente caçado e preso em 1972, no Maranhão, onde tentava articular um movimento de resistência. Levado para Brasília, permaneceu preso até 07 de julho de 1973, dia em que foi libertado. Foi deixado na rodoviária por sua advogada e está desaparecido desde então. Durante a audiência haverá a exibição de trechos do documentário “Cadê Porfírio?”, do cineasta Hélio Brito.
A audiência conta com o apoio do Comitê Goiano da Verdade, organização da sociedade civil.
SERVIÇO
O quê: Audiência Pública sobre Trombos e Formoso
Quando: 15 de março de 2014, sábado
Horário: 9h – 17h30
Local: Auditório Costa Lima, Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
Endereço: Palácio Alfredo Nasser – Alameda dos Buritis, 231 – Setor Oeste, Goiânia – GO
A audiência será transmitida online pelo link tinyurl.com/cnvaovivo.
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