PRF monitora atividades de posseiros que retornaram à T.I. Marãiwatsédé. Posseiros foram retirados da área xavante por forças federais em 2013.
Por Renê Dióz, do G1 MT
Monitoramento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou na última semana o processo de reconstrução das casas de posseiros na terra indígena (T.I.) Marãiwatsédé, de 165 mil hectares na região nordeste do estado. Ex-ocupantes do local demarcado como reserva xavante, posseiros voltaram às terras em janeiro, cerca de um ano após o início do processo de desintrusão da área levado a cabo contra eles por forças federais sob determinação judicial.
A reconstrução das casas já havia sido anunciada pela Associação dos Produtores da Suiá Missú (Aprosum), que representa os posseiros, mas foi confirmada na última sexta-feira pela PRF. Não é possível por enquanto averiguar a quantidade exata de pessoas presentes na reserva, uma vez que os invasores se espalharam pelas áreas correspondentes às suas antigas propriedades [sic], mas as atividades observadas estão sendo todas reportadas em relatórios enviados pela PRF à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MPF), segundo informou o inspetor José Hélio Macedo.
Apesar da proteção federal, desde o retorno dos posseiros à terra indígena não houve registro de qualquer episódio de violência entre eles e forças policiais que monitoram a área. Por isso a reconstrução das casas segue sem interferências.
Segundo ele, de 400 a 500 famílias estão no local, número que a PRF afirma não haver possibilidade de atestar. Já um secretário da Aprosum presente na região, conhecido como Antônio “da Dora”, relatou por telefone que até mesmo o gado dos produtores expulsos está sendo reintroduzido nas terras. Por enquanto, segundo ele, apenas os pequenos fazendeiros que ocupavam a terra estão retornando.
Invasão
Conforme explicou o presidente da Aprosum, o retorno dos posseiros é uma reação natural ao alegado descumprimento do compromisso feito pelo governo federal de assentar as famílias despejadas de Marãiwatsédé em programas de reforma agrária. Além disso, os antigos ocupantes da terra demarcada apontam que houve fraude no processo judicial que resultou no mandado de desintrusão das terras com base na tese da Fundação Nacional do Índio (Funai) de ocupação tradicional xavante. “Nós não somos bandidos. E índio também nunca foi lá”, protestou Prado.
Desde então, além de não haver qualquer incidente violento na área, não houve notícia de prisão de qualquer posseiro. Por isso, no último dia 28 outro juiz substituto da 1ª Vara Federal, Diego Pares Moreira, reforçou o pedido de utilização das forças policiais determinando desocupação imediata da terra indígena, mas até agora também não há notícia de resultados produzidos pela decisão.