Com a palavra, a censura

censuradoPor Eustáquio José, em Um Brasil de Fato

É uma nota-desabafo que gostaria de compartilhar com vocês.

Muitos já devem ter sido vítimas da mesma ação e já devem, inclusive, ter passado por situações ainda piores que a que narrarei aqui (é evidente que passaram, pois alguém que seja jornalista, blogueiro, informador da população ou qualquer coisa afim diante de um poder autoritário já passou e passa por coisas bem mais gravosas), mas, sem mais delongas, vamos aos fatos.

A conta do twitter referente ao blogue que escrevo foi suspensa por quebra das regras de uso do sítio hospedeiro. Agora fico a me perguntar o que teria sido motivador de tamanha ação. A resposta é simples: pus algumas opiniões levando em conta vários lados da questão, respeitando o princípio de não me apropriar de informação que não fosse minha e nem divulgar aquilo que não me era permitido, e, além disso, de respeitar os vários lados de opinião sobre a mesma questão (princípio que tenho aprimorado em minha cabeça nos últimos meses). E, paralelo reproduzindo conteúdo do blogue pelo qual vos escrevo agora. A minha última postagem por aqui (antes dessa) foi justamente a seguinte: Não é só um, mas são mais de 40 mil Amarildos (disponível para a leitura). Na reportagem algo de conhecimento público, dados de conhecimento público e que devem ser mostrados ao povo de forma clara e objetiva.

Até agora são essas as peças no tabuleiro. Salvo alguma disposição desconhecida nos chamados “termos de uso” do citado sítio, eu apenas sou levado a crer que há um fantasma já presente na nossa mídia virtual e real de se calar e de se censurar àquilo que desagrade. 

A proposição é muito simples: quanto mais as coisas informem e não coloquem fôrma nas pessoas, esse material transformar-se-á em perigo. O fantasma de autoritarismo ronda todos os lugares e várias propostas políticas até na convocação, por exemplo, da marcha da família que está sendo organizada para o próximo dia 22 de março com a chamada ‘”intervenção militar constitucional”, que é uma tentativa de voltar aos anos de chumbo com o aval de não se fugir do constitucionalismo.

O pressuposto é perigoso e o predicado é temível. O pressuposto de que aquilo que nos incomoda deve ser cerceado traz-nos a sensação de que estamos sob o fio da navalha quando o assunto é o preceito constitucional de liberdade de expressão, reunião, de condição de ir e vir, entre outras liberdades permitidas. Essa sensação, dessarte, é obtusa e assaz nociva a tudo que se queira de são num país. O predicado temível é que estamos vendo a justificativa de manter a ordem ou de não dar espaço à desordem (duas coisas bem distintas, embora não pareçam) e de se falar em tradição, família e, é claro, propriedade. A meu ver é minha propriedade expor opiniões jornalísticas informativas e ainda de colocar o meu tempero sensível naquilo que os fatos me colocam, a minha chamada valoração. Não penso ser objeto de suspensão um comportamento que foi pautado justamente por esses princípios. E aquilo que vá de encontro a essa mínima liberdade consensual eu chamo de censura. Eis o ponto. É preciso prestar atenção porque está tudo muito estranho…

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.