Carta aberta do Conselho do Povo Terena – Hánaiti Ho’únevo Têrenoe [Forte, direta e digna!]

Terena que lutaram na Guerra do Paraguai, enquanto suas terras eram roubadas. Acervo Comissão Rondon s/d.
Terena que lutaram na Guerra do Paraguai, enquanto suas terras eram roubadas. Acervo Comissão Rondon s/d.

Nós, lideranças Terena representantes de nossas comunidades, vimos a público denunciar e repudiar o “agrobanditismo” que impera no estado do Mato Grosso do Sul – e conta com o silêncio e conivência do Estado brasileiro.

O Conselho do Povo Terena e Conselho Aty Guasu Guarani e Kaiowá insurgiram-se contra o “Leilão da Resistência” e conseguimos uma liminar favorável que suspendeu este instrumento financiador do genocídio. No entanto, a Famasul e Acrissul, valendo-se de manobra processual sórdida, conseguiram, no calar da noite, uma decisão liberando o leilão.

Primeiramente, é no mínimo estranho que a Acrissul e Famasul, diante de uma decisão suspendendo o leilão, não terem recorrido ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região para reverter a decisão. Para nós, é notório que houve pressão das elites ruralistas sobre os magistrados de primeira instância de Mato Grosso do Sul.

A curta vitória da suspensão do leilão foi histórica. Pela primeira vez, os povos indígenas de Mato Grosso do sul foram para o embate jurídico direto por meio de advogados constituídos para isso, com fundamento no artigo 232 da Constituição Federal, que garante que os indígenas e suas organizações possam, em nome e direito próprio, defenderem seus direitos na Justiça.

Resolvemos não esperar pelo Ministério Público Federal (MPF), Funai ou ONGs, como esperavam os ruralistas. Entramos nesse embate decididos a não assistir mais de braços cruzados as atrocidades cometidas pelos “coronéis” e “famílias elitistas” que se consideram os donos deste estado.

Repudiamos o “agrobanditismo” que impera no Mato Grosso do Sul! (mais…)

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