Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira

Meninos-4Por Renato Santos de Souza (UFSM/RS)

A primeira vez que ouvi a Marilena Chauí bradar contra a classe média, chamá-la de fascista, violenta e ignorante, tive a reação que provavelmente a maioria teve: fiquei perplexo e tendi a rejeitar a tese quase impulsivamente. Afinal, além de pertencer a ela, aprendi a saudar a classe média. Não dá para pensar em um país menos desigual sem uma classe média forte: igualdade na miséria seria retrocesso, na riqueza seria impossível. Então, o engrossamento da classe média tem sido visto como sinal de desenvolvimento do país, de redução das desigualdades, de equilíbrio da pirâmide social, ou mais, de uma positiva mobilidade social, em que muitos têm ascendido na vida a partir da base. A classe média seria como que um ponto de convergência conveniente para uma sociedade mais igualitária. Para a esquerda, sobretudo, ela indicaria uma espécie de relação capital-trabalho com menos exploração.

Então, eu, que bebi da racionalidade desde as primeiras gotas de leite materno, como afirmou certa vez um filósofo, não comprei a tese assim, facilmente. Não sem uma razão. E a Marilena não me ofereceu esta razão. Ela identificou algo, um fenômeno, o reacionarismo da classe média brasileira, mas não desvendou o sentido do fenômeno. Descreveu “O QUE” estava acontecendo, mas não nos ofereceu o “PORQUÊ”. Por que logo a classe média? Não seria mais razoável afirmar que as elites é que são o “atraso de vida” do Brasil, como sempre foi dito? E mais, ela fala da classe média brasileira, não da classe média de maneira geral, não como categoria social. Então, para ela, a identificação deste fenômeno não tem uma fundamentação eminentemente filosófica ou sociológica, e sim empírica: é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana. E por que a classe média brasileira e não a classe média em geral? Estas indagações me perturbavam, e eu ficava reticente com as afirmações de dona Marilena. (mais…)

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Odebrecht, uma transnacional alimentada pelo Estado

le monde odebrecht 2Em junho de 2013, o descontentamento social levou os brasileiros a se manifestar em massa nas ruas do país. No alvo, as desigualdades, as condições indignas de transporte, a corrupção e… a transnacional Odebrecht: aos olhos de muitos, a empresa encarna os excessos de um capitalismo de compadrio

Por Anne Vigna, em Le Monde Diplomatique

Você conhece alguma transnacional brasileira?”, perguntava em 2000 a The Economist. “Difícil, não? Mais do que lembrar o nome de um belga famoso.”1 Estaria a revista britânica querendo fazer graça ou não suspeitava de que os grandes grupos brasileiros entrariam de maneira rápida e espetacular na dança do grande capital? Como a Odebrecht, que é hoje no Brasil o que a Tata é na Índia e a Samsung é na Coreia do Sul.2 Em São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires ou Assunção, é difícil passar um dia sem usar a eletricidade que a empresa produz, as estradas que ela constrói ou o plástico que fabrica.

Geralmente descrita como uma empresa de engenharia de construção, na verdade a Odebrecht foi se diversificando ao longo do tempo até se tornar o maior grupo industrial do Brasil. Energia (gás, petróleo, nuclear), água, agronegócio, setor imobiliário, defesa, transportes, finanças, seguros, serviços ambientais e setor petroquímico: sua lista de atividades constitui um inventário interminável. Mas, embora a brasileira seja a maior construtora de barragens do mundo, com onze projetos tocados simultaneamente em 2012, é o setor petroquímico que gera mais de 60% de suas receitas. A Braskem, “joia” compartilhada com a Petrobras, produz e exporta resinas plásticas para sessenta países. (mais…)

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Ações sobre Belo Monte causam divergências no TRF

Caminhões trabalham em obra da barragem principal de Belo Monte: o BNDES afirmou que R$ 3,2 bilhões irão para investimentos socioambientais do projeto
Caminhões trabalham em obra da barragem principal de Belo Monte

Por André Borges, em Valor/FGV

Brasília – As ações contra o processo de licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte podem não ter surtido efeito prático sobre o andamento das obras da usina, em construção no rio Xingu, no Pará, mas serviram para causar um embate jurídico dentro do Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília.

As divergências surgiram a partir da decisão do presidente do TRF de Brasília, desembargador Mário Cesar Ribeiro, que ontem acatou o pleito da Advocacia-Geral da União (AGU), derrubando a liminar que impedia a continuidade d as obras da usina. (mais…)

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Protesto no Centro do Rio reivindica direito a manifestação

Manifestantes ocupavam a Rua Primeiro de Março em torno de 17h15. (Foto: Isabela Marinho / G1)
Manifestantes ocupavam a Rua Primeiro de Março em torno de 17h15. (Foto: Isabela Marinho / G1)

Ato é contra aplicação de leis de Segurança Nacional em manifestantes. Empresário Jacob Barata também é alvo de críticas em ato.

Isabela Marinho, do G1 Rio

Cerca de mil manifestantes caminhavam na Avenida Rio Branco, sentido Cinelândia, no Centro do Rio, na tarde desta quinta-feira (31). O movimento chamado “Grito da Liberdade” é contra a aplicação das leis de Segurança Nacional e de Crime Organizado contra manifestantes. Por causa do ato, a via, a partir da Avenida Presidente Vargas, estava interditada em torno de 17h50. O trânsito era lento no local, informou a CET-Rio. (mais…)

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ALUMEIA: CPT Bahia lança revista sobre mineração

Mineração.inddCPT/BA

A revista Alumeia é uma publicação da CPT Bahia e em seu primeiro número traz o  tema “Mineração: progresso ou destruição? Numa proposta de refletir sobre o “progresso” tão alardeado pelo atual modelo de desenvolvimento, a partir do ponto de vista de suas vítimas no campo e dos que com elas se solidarizam.

São relatos do sofrimento de pessoas e comunidades diante da devastação imposta por essa atividade. São histórias que desmistificam o tão propagado “progresso” gerado pela exploração minerária e revelam as dores, angústias, conflitos e impactos de quem está do lado das minas e das empresas em operação no Estado. A publicação traz ainda artigos que aprofundam a reflexão sobre o assunto.

Acesse a  Revista Alumeia WEB e boa leitura !

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MST comemora 28 anos da primeira ocupação realizada pelo Movimento

festa annon

Por Iana Reis, da Página do MST

A data tem motivos de sobra para ser celebrada. Afinal, foram 28 anos da primeira ocupação realizada por famílias já organizadas no MST: a antiga Fazenda Annoni, em Pontão, no norte do estado do Rio Grande do Sul.

Mais de 2 mil pessoas, entre personagens importantes dessa história , movimentos sociais, lutadores que acompanharam desde o início a criação do Movimento, além do próprio governador do estado, Tarso Genro, estiveram presente no ato festivo, realizado no ginásio do assentamento 16 de Março, em Pontão, na última terça-feira (29/10).   (mais…)

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Fiocruz Amazônia realiza seminário para discutir as interfaces entre a saúde mental e a saúde indígena

logo Fiocruz amazõnia

O Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD/Fiocruz Amazônia realizará no dia 21 de novembro de 2013, o Seminário Interfaces entre Saúde Mental e Saúde Indígena. Na oportunidade, ocorrerá o lançamento dos livros “Processos de Alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais”, coletânea organizada pelo médico psiquiatra e sanitarista e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Dr. Maximiliano Loiola Ponte de Souza;  e “Medicinas Indígenas e as políticas da tradição:  entre discursos oficiais e vozes indígenas”, da Dr.ª Luciane Ouriques Ferreira. O evento acontece no auditório Salão Canoas – sede do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz), situada à rua Teresina, n. 476 – Adrianópolis.

Programação

14h30 a 15h – Abertura
15h a 16h –  Interfaces entre saúde mental e saúde indígena – Por Luciane Ouriques (ENSP/Fiocruz)
16h a 17h – Discussões sobre o processos de alcoolização indígena no Brasil – Maximiliano Ponte
18h – Lançamento dos livros “Processos de Alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais” e  “Medicinas Indígenas e as políticas da tradição:  entre discursos oficiais e vozes indígenas”
18h – Coquetel (mais…)

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MS – “Nossa reserva é uma bomba relógio”, alerta vereador indígena

Aguilera de Souza foi eleito vereador em Dourados (Foto: Nicanor Coelho / Arquivo Capital News)
Aguilera de Souza foi eleito vereador em Dourados (Foto: Nicanor Coelho / Arquivo Capital News)

Renan Nucci,  Dourados Agora

Baseado na situação de fragilidade que se encontram os indígenas da região, o vereador Aguilera de Souza, afirma: “Dourados é uma bomba relógio que está prestes a explodir”. Durante entrevista ao Dourados Agora nesta quinta-feira, o parlamentar que vive na reserva indígena destacou que a área, além de ser carente de uma boa estrutura, também é pequena para abrigar todos os seus moradores.

“A reserva indígena de Dourados tem cerca de 3.500 hectares e uma população de aproximadamente 15 mil moradores. O espaço está ficando pequeno, principalmente por causa do índice de natalidade, já que por ano, pelo menos 500 nascimentos são registrados. Desse modo, dentro de pouco tempo, viver naquele local ficará insustentável se não houver mudanças urgentes”, comentou.

Ele explica que a ampliação das aldeias, bem como o fornecimento de recursos para que a comunidade possa se tornar independente para produzir e tirar o próprio sustento, por exemplo, são soluções viáveis, mas que esbarram na morosidade das autoridades políticas que levam anos para tomar alguma atitude. “Não adianta a realização de vários estudos, se nenhum deles é posto em prática”, destacou. (mais…)

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Eucalipto: comunidades quilombolas entram com ação civil no MP

eucliptoCEAS

Comunidades quilombolas Lagoa de Melquiades e Amâncio, Velame, Baixa Seca e Lamarão, do município de Vitória da Conquista-BA, entraram com uma Ação Civil Pública no Ministério Público da Bahia contra a G5 Agropecuária, empresa que atua na área de produção de carvão vegetal para a indústria de ferro-gusa, com fornos em várias fazendas espalhadas pelo Maranhão, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo.

A ação –  resultado do Seminário Monocultura de Eucalipto, realizado em novembro de 2012, pelo Fórum de Entidades e Movimentos Sociais do Sudoeste da Bahia – visa defender as comunidades atingidas pelo uso indiscriminado de agrotóxico nas plantações de eucalipto, bem como conter a contaminação do solo e água da região e o desmatamento provocados pelo avanço dessa plantação.

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