Fiocruz Amazônia realiza seminário para discutir as interfaces entre a saúde mental e a saúde indígena

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O Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD/Fiocruz Amazônia realizará no dia 21 de novembro de 2013, o Seminário Interfaces entre Saúde Mental e Saúde Indígena. Na oportunidade, ocorrerá o lançamento dos livros “Processos de Alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais”, coletânea organizada pelo médico psiquiatra e sanitarista e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Dr. Maximiliano Loiola Ponte de Souza;  e “Medicinas Indígenas e as políticas da tradição:  entre discursos oficiais e vozes indígenas”, da Dr.ª Luciane Ouriques Ferreira. O evento acontece no auditório Salão Canoas – sede do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz), situada à rua Teresina, n. 476 – Adrianópolis.

Programação

14h30 a 15h – Abertura
15h a 16h –  Interfaces entre saúde mental e saúde indígena – Por Luciane Ouriques (ENSP/Fiocruz)
16h a 17h – Discussões sobre o processos de alcoolização indígena no Brasil – Maximiliano Ponte
18h – Lançamento dos livros “Processos de Alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais” e  “Medicinas Indígenas e as políticas da tradição:  entre discursos oficiais e vozes indígenas”
18h – Coquetel

Sobre os livros 

“Processos de Alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais”

O uso do álcool é uma questão de contornos complexos, em especial quando se consideram os povos indígenas, entre os quais problemas relacionados ao uso de álcool aparecem como importantes problemas de saúde pública, embora a produção acadêmica nacional sobre o assunto ainda seja relativamente escassa. Como o álcool adquire uma variedade de funções em diferentes grupos sociais, a análise não pode se restringir à ingestão da bebida em si: é preciso relacionar o consumo a processos socioculturais e político-econômicos. É o que defendem os autores da coletânea Processos de alcoolização indígena no Brasil: perspectivas plurais – lançamento da Editora Fiocruz, organizado pelo médico psiquiatra e sanitarista Maximiliano Loiola Ponte de Souza, pesquisador da Fiocruz Amazônia.

O livro, que integra a Coleção saúde dos povos indígenas, descreve e analisa as características específicas dos diversos modos de uso de álcool em diferentes povos indígenas brasileiros. Os capítulos mostram ao leitor contextos bastante distintos: dos indígenas do Alto Rio Negro e da região do Uaçá, na Amazônia, aos Kaingang e Mbyá-Guarani, no sul do país, passando pelos Pankararu do Nordeste, os Bororo do Centro-Oeste, os Maxakali de Minas Gerais e os Guarani de Angra dos Reis (RJ).

Para o organizador, espera-se que os elementos teóricos e experiências narradas no livro possam orientar tanto a produção de um conhecimento menos fragmentado a respeito da realidade indígena, como possam balizar ações de intervenção que articulem diferentes saberes e que sejam capazes de atender às demandas de saúde dos indígenas e, ao mesmo tempo, culturalmente sensíveis à sua diversidade étnica.

“Medicinas Indígenas e as políticas da tradição: entre discursos oficiais e vozes indígenas”

Compreender o processo de emergência das medicinas tradicionais indígenas no campo das políticas públicas de saúde indígena é o objetivo deste livro,  que analisa os discursos proferidos por uma diversidade de atores – indígenas e não indígenas, governamentais e não governamentais, nacionais e internacionais. Dessa forma, a obra da Dr.ª Luciane Ouriques Ferreira revela uma dinâmica que vai do global e ao local, e transforma os contextos envolvidos, originando novas formações culturais.

As políticas públicas que qualificam os seus objetos e público-alvo com a categoria ‘tradição’ conformam uma formação discursiva, definida pela autora como ‘políticas da tradição’. Um exemplo são as políticas voltadas à saúde indígena, que têm buscado reconhecer a eficácia das medicinas tradicionais indígenas e articulá-las com o sistema oficial de saúde. No entanto, “ao serem apropriados pelos povos indígenas, os discursos oficiais são postos a serviço dos seus interesses culturalmente situados – assim, estamos diante do fenômeno da indigenização”, diz a pesquisadora. E essa ‘indigenização’ se refere aos processos “levados a efeito pelos povos indígenas ao se apropriarem das políticas públicas a fim de manter a sua autonomia e reverter a seu favor o controle que o Estado passa a exercer sobre o mundo da vida de suas comunidades”.

O livro busca contribuir para a consolidação do direito indígena à atenção diferenciada à sua saúde, considerando as relações historicamente construídas entre povos indígenas e Estado.

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