Obras sem planejamento levam caos a município-sede de Belo Monte

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Por Claret Fernandes, militante do MAB e missionário na Prelazia do Xingu – MAB Amazônia

Vitória do Xingu, município onde está sendo construída a barragem de Belo Monte, é um canteiro de obras. As ruas da cidade estão, todas, reviradas. A poeira toma conta nesse verão. Mesmo que se jogue água, tudo seca rapidamente com o calor intenso, trazendo complicações respiratórias, em especial para idosos e crianças. E não é fácil encontrar uma ficha para consulta médica.

As obras, sem planejamento, são feitas e refeitas diversas vezes. Faz-se uma área de lazer numa rua e logo perto fazem outra. ‘Isso não faz nenhum sentido’, dizem as pessoas. O povo não entende, também, porque a empresa SA Paulista, contratada pelaNorte Energia (dona de Belo Monte), iniciou obras na cidade toda ao mesmo tempo. ‘Não seria melhor fazer um bairro, terminar, depois passar para outro. Hoje está tudo mexido e não tem nada pronto’.

A parte central da cidade tem verdadeiras crateras. Estão furando tudo, e colocando manilhas enormes para rede pluvial. A rede de abastecimento de água, também em construção, foi testada, os canos não suportaram a pressão e se romperam, e os serviços agora estão parados. Os canos de rede de esgoto são finos, e há dúvida se suportarão. Não se sabe, também, se o esgoto será tratado, conforme promessa, ou apenas lançado ‘in natura’ no rio.

Nas ruas vicinais, todas mexidas e remexidas, o compactador, um grande rolo que passa algumas dezenas de vezes no mesmo local, vem causando rachaduras nas casas. Marinalva conta que, em sua morada, se pode enfiar o dedo nos buracos da parede. Funcionários da empresa fotografaram tudo antes do início das intervenções supostamente para comprovação de possíveis danos, e reparos ou indenização. Mas agora, quando alguém reclama, eles apenas dizem que foi a outra empresa. Algumas famílias, já impacientes, estão consertando por conta própria.

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