Começa quarto julgamento do acusado pela morte de Dorothy Stang

Cruz sinaliza local da morte de Dorothy Stang, em 2005
Cruz sinaliza local da morte de Dorothy Stang, em 2005

Carolina Sarres, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Começou por volta das 8h30 de hoje (19) o quarto julgamento do acusado de ser o mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. Valtamiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, foi a julgamento três vezes por este caso – condenado em dois e absolvido em um. Ele cumpre regime semiaberto desde a anulação do terceiro julgamento, em maio deste ano, pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) é a de que a sentença do acusado seja anunciada no final do dia.

Dorothy Stang foi morta a tiros no município de Anapu, no sudoeste paraense, em 12 de fevereiro de 2005. De acordo com o Ministério Público, a missionária foi assassinada porque defendia a implantação de assentamentos para trabalhadores rurais em terras públicas que eram disputadas por fazendeiros e madeireiros da região.

No início da sessão de hoje, presidida pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, um dos jurados foi dispensado por alegar que já teria opinião formada sobre Bida. O tribunal do juri é aberto ao público e está sendo acompanhado por manifestantes, representantes de movimentos religiosos aos quais a missionária era ligada e estudantes.

As investigações das polícias Civil e Federal na época do crime indicaram que Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Batista foram os autores do assassinato de Dorothy Stang. Em seguida, Amair Feijoli Cunha, conhecido como Tato, foi apontado como intermediário contratado por Bida e por Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, que pagariam R$ 50 mil pela morte da missionária. De acordo com a defesa de Bida, não há evidências suficientes que comprovem o envolvimento do fazendeiro no caso.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Pará negou pedido de habeas corpus impetrado pela defesa. Condenado a 30 anos no primeiro julgamento, em 2007, Bida teve direito a novo júri em 2008, quando foi absolvido. O segundo julgamento, no entanto, foi anulado por fraude processual. No terceiro julgamento, que durou mais de 50 dias, Bida voltou a ser condenado, mas a defesa conseguiu a anulação alegando cerceamento de defesa.

Na ocasião, Bida rejeitou seus advogados e foi a júri com um defensor público, que admitiu posteriormente não ter tido acesso a todo o processo, o que foi usado pela defesa do fazendeiro para pedir a anulação do julgamento.

Edição: Denise Griesinger

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