“A Juventude indígena presta sua homenagem a Oziel Gabriel, guerreiro Terena da Terra Indígena Buriti, assassinado pelo Estado brasileiro. Nenhuma gota de sangue ficará impune”
Nós, juventude Terena, reunidos na Aldeia Lalima, por ocasião do II ENCONTRO DA JUVENTUDE TERENA (HÁNAITI HO’ÚNEVOHIKO INÁMATI XÂNE TÊRENOE), juntamente com jovens representantes do Conselho Aty Guasu Guarani Kaiowá, Juventude Xavante, Juventude Bóroro, Juventude Kinikinau e acadêmicos indígenas do Programa Rede de Saberes (UCDB – UFMS – UFGD – UEMS), viemos a público expor:
Nós, juventude Terena, pertencemos ao CONSELHO DO POVO TERENA (HÁNAITI HO’ÚNEVO TÊRENOE), e integramos a Comissão Nacional da Juventude Indígena – CNJI.
Estamos juntos com nossas lideranças tradicionais na luta pela terra e por políticas públicas em nossas comunidades. Somos juventude Terena, com identidade cultural própria, e prezamos pela nossa cultura, tradição e língua materna.
Há 20 anos, nossas lideranças tradicionais decidiram que iriam enviar os jovens Terenas para as universidades, e hoje estamos aqui, lutando por nossa autonomia junto a nossas lideranças.
O Estado brasileiro ao longo do tempo tem adotado estratégias no sentido de atropelar os direitos dos povos indígenas, e assim exterminá-los. Hoje, esse extermínio tem sido feito por meio da “caneta”, em razão das proposições legislativas que tramitam e visam retirar nossos direitos. Por isso, nós, juventude indígena estamos indo para a universidade, atrás de conhecimento científico, para então se juntar na luta pela terra junto a nossas lideranças tradicionais.
Não negociaremos nossos direitos, não iremos abrir mão de nossos territórios tradicionais. Nenhuma gota de sangue ficará impune.
Repudiamos veementemente a PEC 215 – Projeto de Emenda Constitucional – que pretende alterar os artigos 49, 225 e 231 da Constituição Federal, transferindo a competência das demarcações de terras indígenas do Poder Executivo para o Legislativo.
Repudiamos o Projeto de Lei n. 1610/96, que dispõe sobre a exploração e o aproveitamento de recursos minerais em terra indígena, de que tratam os artigos 176 e 231 da Constituição Federal. Bem como o Projeto de Lei Parlamentar 227.
O Estado brasileiro optou por um modelo de desenvolvimento que não tem espaço para o modo de vida dos povos indígenas. Modelo este explorador, que para se viabilizar, destrói o meio ambiente e atropela todo o modo de vida tradicional de nosso povo.
Por isso, reafirmamos que estaremos juntos com nossas lideranças tradicionais na luta pela terra, do bem viver de nossas comunidades e por políticas públicas voltadas para as especificidades de cada comunidade.
Encaminhamentos:
a) O próximo encontro da Juventude Terena será realizado na Retomada Esperança (Terra Indígena Taunay/Ipegue), em março de 2014;
b) Ficam eleitos para representar a juventude terena junto a Comissão Nacional da Juventude Indígena: Doglas Sebastião Lili (Aldeia Água Branca – Taunay/Ipegue) e Reinaldo de Souza (Aldeia Lalima);
c) A juventude confirma presença na 4º Grande Assembleia do Povo Terena, que será realizada na Aldeia Cabeceira, Terra Indígena Nioaque, nos dias 13 a 16 de Novembro de 2013.
Aldeia Lalima (MS), 14 de Setembro de 2013.
Juventude Terena que se levanta!
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