“Índios suruí concluem 1ª venda de créditos de carbono indígenas do país”

Nota: este blog mantém sua posição de denúncia radical contra o mercado de carbono, os REDDs e todas as estratégias da chamada ‘economia verde’, que considera lesivas à cultura, às tradições e à garantia do direito pleno de decisão de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais sobre toda e qualquer ação que afete seus territórios. (Tania Pacheco)

Indígenas da paiter-suruí, que vivem em área de floresta amazônica no Norte do país (Foto: Reprodução/TV Globo)
Indígenas da paiter-suruí, que vivem em área de floresta amazônica no Norte do país (Foto: Reprodução/TV Globo)

Aldeia de RO vendeu créditos para a empresa brasileira Natura. Compra é forma de compensação de emissões de gases de efeito estufa.

Do G1, em São Paulo

Os índios paiter-suruí, em Rondônia, que participam do projeto Carbono Florestal Suruí, realizaram no início de setembro a primeira venda de créditos de carbono indígenas com certificação internacional já feita no país. A empresa brasileira de cosméticos Natura anunciou a compra de créditos que equivalem a emissão de 120 mil toneladas de carbono.

A compra dos créditos indígenas é uma das formas de compensar o envio de gases causadores de efeito estufa para a atmosfera, liberados devido ao processo industrial. A companhia tem o objetivo de reduzir em 33% suas emissões até 2013. O valor oficial da negociação não foi divulgado. O dinheiro será destinado ao Fundo Carbono Suruí.

O Projeto de Carbono Floresta Suruí é considerado pioneiro no Brasil por ser o primeiro projeto de Redd+ indígena a ser validado em certificações internacionais, reconhecido pelo Padrão de Carbono Verificado (VCS, na sigla em inglês) quanto pelo Padrão Ouro de Clima, Comunidade e Biodiversidade (CCB, na sigla em inglês).

Ambos são os principais órgãos internacionais que creditam projetos com intuito de reduzir as emissões de gases do efeito estufa do desmatamento e degradação florestal, um conceito conhecido como Redd (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal).

Alternativa de renda
O projeto indígena brasileiro, iniciado em 2007, utiliza duas formas de compensação: o sequestro de carbono propriamente dito, por reflorestamento, e o desmatamento evitado e conservação de estoques de carbono através da redução do desmatamento e degradação florestal. Ele é liderado pelo cacique Almir Suruí, um dos vencedores do prêmio “Herói da Floresta”, concedido pelas Nações Unidas.

Ele surgiu como alternativa de financiamento e perspectiva de geração de renda para a população que vive na Terra Indígena Sete de Setembro, que compreende 248 mil hectares de florestas em Rondônia e Mato Grosso.

Comments (1)

  1. Também eu sou contra, mas é preciso entender o que levou os Suruí a trilhar esse caminho. O Almir Suruí me disse, anos atrás, que não conseguiam vigiar seu território e impedir a sua destruição, inclusive com participação de índios e que o único caminho que se abria era via mercado.
    Jean Pierre

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