“Atentado contra Professores do IFBA da Licenciatura Indígena – Campus Porto Seguro, Sul da Bahia”

Diversos veículos foram destruídos em protestos na últimas duas semanas. Foto: Gilvan Martins/Blog do Pimenta
Diversos veículos foram destruídos em protestos na últimas duas semanas, em Buerarema e arredores. Foto: Gilvan Martins/Blog do Pimenta

Por Cristiano Raykil

Um grupo de três professores do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do IFBA – Campus Porto Seguro sofreu um violento atentado nesta quinta-feira (5/9/2013) em São José da Vitória no Sul da Bahia, em meio a ofensiva capitaneada por fazendeiros da região que contrataram capangas armados para proporcionar terror aos indígenas por conta das disputas por terras que existe no local. Essa disputa já gerou diversos embates judiciais, nos quais os últimos deram a posse de terra às comunidades tradicionais indígenas.

Os professores estavam em serviço, visitando as comunidades, quando um grupo de quatro capangas armados interceptaram o veiculo oficial, roubaram seus pertences, foram violentos e indicaram claramente a intencionalidade de ofensiva em relação a um professor indígena da Licenciatura Intercultural do IFBA – Porto Seguro dizendo: “Tem um índio dentro do carro” e atearam fogo no veículo oficial.

O colega foi conduzido para dentro de um taxi que se direcionou a cidade de Itabuna. “O taxi foi interceptado em Buerarema e lá fui espancado e ameaçado de morte por pessoas desconhecidas” (fala do Professor Edson Brito em seu perfil no Facebook).

O terror instalado na região estarrece todos com a brutalidade das ações e principalmente a inoperância do poder público em intervir para garantir a integridade dos indígenas e de todas as pessoas que circundam a problemática das questões de terra indígena no Sul da Bahia.

Conclamo aos colegas professores e técnicos administrativos, aos estudantes do IFBA, à comunidade do Sul e Extremo Sul da Bahia e toda a sociedade brasileira a se manifestar contra essa violência direcionada aos Povos indígenas e a cobrar das autoridades ações concretas que possibilitem a garantia de seus direitos.

Cristiano Raykil
Professor de Sociologia Licenciatura Intercultural Indígena
Cursos Técnicos Integrados do IFBA Campus Porto Seguro/Bahia

Ver também: BA – Jagunços incendeiam carro do IFBA, ameaçam professor@s e espancam Edson Kayapó, próximo a Buerarema

Comments (9)

  1. O poeta piauiense H. Dobal (Hindemburgo Dobal)retratou o genocídio dos Pimenteiras do Piauí no poema “El Matador”. A violência cotidianamente sofrida pelos Tupinambás é uma agressão aos direitos humanos. O povo brasileiro deve luta pelos direitos dos indígenas, porque esse luta é de todos nós. A retomada das terras dos Tuminambás representa um passo importante para as nações indígenas. Por isso todo apoio as mobilizações e luta indígena…

    El Matador

    De sangue e de fogo
    Se fez o nome.
    No sangue e no fogo
    Se desfaz a história
    De muitas vidas

    A sangue e fogo
    A ferro e fogo
    Um homem liquida
    Seus semelhantes

    No sangue
    A crueldade desnecessária
    No sangue
    A violência contra os desarmados

  2. Um poema para o colega Edson e o povo Tupinanbá

    RETOMADAS INDÍGENAS
    Francisco Alfredo Morais Guimarães

    As retomadas dos territórios indígenas
    Estão sendo feitas
    Para vibrar no coração da terra
    E reverberar no espaço sideral.
    Ao redor do fogo de suas fogueiras
    Todos os povos dançam e cantam
    Os cantos guardados no coração.
    Fagulhas e faíscas no espaço se cruzarão
    Formando novas constelações
    Vistas em todos os cantos da terra
    Para quem tiver nos olhos
    A mesma pulsação.

  3. Inaceitável a prática de atos de tamanha violência contra qualquer ser humano. O governo poderia enviar o exército para garantir a segurança nessas regiões com a mesma facilidade que o enviou para combater manifestantes pacíficos, não?

  4. Manifesto meu repúdio ao atentado vivido pelo Prof. Edson Brito. Publicizei a notícia para que possamos ter outros coletivos exigindo a apuração dos fatos e compreendendo a situação no sul da Bahia. Minha solidariedade ao Edson e a todos/as envolvidos/as. Att. Priscila Dornelles – professora UFRB.

  5. O GT Ensino de História e Educação da Associação Nacional de História – ANPUH está divulgando esta notícia em sua lista de e-mails. Ao mesmo tempo a ANPUH_BA está se mobilizando para repudiar esse atentado e exigir das autoridades a apuração e providências rigorosas para preservação dos direitos e garantias de vida dos envolvidos. Deixamos aqui nossa solidariedade aos colegas. Att. Paulo Mello – Coordenação do GT Ensino de História e Educação – ANPUH-Brasil

  6. Se nos indijenas nao tomarmos ,á força nossas terras seremos fracos e perderemos toda conquista de toda uma vida!Vamos á luta não so uma aldeia ,mais todos os indijenas .

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