Presidente do conselho de articulação dos caingangues disse que os índios não deixarão as terras demarcadas pela Funai
Cristiano Goulart e Marcus Bruno, A Gaúcha
A solução apresentada pelo governo federal para o impasse da demarcação de terras não agradou aos indígenas. A reunião realizada na sede do Ministério Público nesta quarta-feira acabou em tumulto. Indígenas impediram o chefe do Gabinete do Governador, Ricardo Zamora, de sair da sede do MPF. Ele precisou da ajuda da Brigada Militar para deixar o prédio.
A reunião teve representantes da Procuradoria da República, do Incra, da Funai, e também do ministro Gilberto Carvalho, da secretaria da Presidência da República. A proposta dos governos federal e do estado foi de disponibilizar 6,4 mil hectares de terras para acabar com conflito da demarcação. Os indígenas ficaram insatisfeitos. O presidente do conselho de articulação dos caingangues, Augusto Alpen da Silva, disse que os índios não deixarão as terras demarcadas pela Funai.
– Não vamos aceitar porque muitas vezes o projeto do governo é desapropriar terra para índios. Nós queremos demarcação oficial que é terra garantida. Se tem dinheiro para desapropriar, ele vai desapropriar para os agricultores e não para os índios. Nós queremos demarcação oficial, homologada, assinada pelo presidente da República e registrada em cartório de imóveis do município onde a área pertence – argumentou.
Embora não se fale em prazo para disponibilizar as terras, o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, minimizou o discurso. Ele falou que o momento agora é de diálogo.
– Nós estamos propondo um processo de mediação que vai começar imediatamente com assistência do Ministério Público. Nós precisamos fazer o processo de maneira que não seja depois contestada na Justiça – afirmou.
Os índios encaminharam mais uma pauta de reivindicações que deve ser discutida em outubro. O estado possui atualmente 6 áreas declaradas indígenas que atingem cerca de 15 cidades gaúchas. A Funai estuda outras 19 áreas que possam ser consideradas indígenas.