Relato do Lançamento do Fórum de Justiça no Cariri

No dia 31 de agosto de 2013, ocorreu o lançamento do Fórum Justiça no Cariri, na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará- ADUFC, em Juazeiro do Norte-CE. A atividade contou com a presença 24 pessoas, dentre elas estudantes do Programa de Assessoria Jurídica Estudantil e membros: da ADUFC, do Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade de Direito da Universidade Regional do Cariri, da Associação de Pacientes Renais, da Comunidade de Gravatá (Caririaçu) e da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares-RENAP.

Primeiramente, discutiu-se o histórico da estruturação e composição das Instituições do Sistema de Justiça. Falou-se da experiência do Fórum Justiça no Rio de Janeiro-RJ, em Fortaleza-CE e de espaços como a RENAP e a Articulação Justiça e Direitos Humanos- AJUSDH. Posteriormente, tratou-se de espaços de controle social e participação até então existentes, bem como da realidade destas instituições no Cariri e de algumas causas coletivas de direitos humanos fundamentais, que encontram dificuldade de serem superadas na região.

Ficaram também deliberados os seguintes pontos:

– A realização de um Seminário sobre Acesso à Justiça na região;

– Dia 20 de setembro, no Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade de Direito da URCA, reunião com outros agentes estatais de repasse do debate do lançamento e para organizar a próxima reunião do Fórum Justiça no Cariri, bem como o Seminário de Acesso à Justiça;

– Dia 26 de outubro, próxima reunião do Fórum Justiça no Cariri;

– A formação dos Seguintes Grupos de Trabalhos- GTs:

  • Criança e Adolescente. Responsável: Prof. Geovani Tavares
  • Saúde. Responsável: Edmar Francisco da Silva
  • Empreendimentos Estatais: Carlos Macedo Menescal,Danielly Pereira Clemente e algum membro da Comunidade Gravatá a ser indicado posteriormente
  • Organização/ Estrutura: Adriano F. Silva, Débora Costa Silva, Profa. Edneusa Pamplona, Fernanda di Marco e Lucas Alencar Pinto
  • Sistema de Justiça: Grabrielly Araújo dos Santos e Ana Rebeca Sousa Jorge Alves

Ao final declamou-se o cordel “Um cordel para Gravatá” de Manoel Leandro e xilogravura de Carlos Henrique (agosto de 2013):

 

A vocês peço licença

Paciência e atenção.

À Deus peço inspiração,

Proteção. Peço sabença.

Pra eu dizer o que pensa

O povo de Gravatá.

Com a falta que há

De saúde na região,

Vida digna, educação…

O governo quer jogar

Um aterro em Gravatá

E é pra nós ficar calado.

Seu governo do estado

Secretaria das cidades

Tem tantas barbaridades

No que vocês tem falado

Que eu sem ter estudado

Percebi na mesma hora.

A minha família chora

Com essa atrocidade,

Com a possibilidade

De um dia ir embora

E o seu estudo diz agora

Era o que a gente queria?

Aliás, essa porcaria

Que você chama de estudo

Feito por quem tem canudo

Mas não tem sabedoria

Em uma página dizia

Que aqui não tinha água.

E por acaso é mágoa

O que tem no cacimbão?

É uma assombração

O rio que aqui deságua?

A gente lava as anáguas

Seu doutro diga é com que?

O que tu vieste beber

No tempo da eleição

Apertando nossa mão…

Você mesmo pôde ver

Agora vem me dizer,

Não tem água rasa aqui?

Tu agora vem cuspir

No copo que tu bebeu

O povo que te elegeu

Quer agora perseguir?

Doutor, vamos prosseguir

Com a nossa resistência.

Tenha consciência

Lembre o poço que cavou

O sinhô mesmo mandou

Cavar ele com urgência

Agora com truculência,

Quer nos deixar sem morada?

Lembrei agora da piada

Disse que um doutor

Encheu de trabalhador

Uma D- 20 listrada

Numa curva da estrada

Essa D-20 virou

O doutor então chamou

Um doido que ali passava

Ninguém ali mais pulsava,

O doutor assim falou,

Num abismo que encontrou

– nós vamos jogar tudim.

E eles fizeram assim

Jogaram de um e um

Só se escutava o bum

De corpos no mesmo fim

Quando pegaram Mundim

Ele gritou: Eu tô vivo.

O doido disse ao cativo:

– Quer saber mais que o doutor

O pobre trabalhador

Que se encontrava ativo

O lançaram ainda vivo

Naquele abismo profundo.

Seu doutro pensando fundo

Nós podemos comparar

O povo de gravatá

Com o pobre do Raimundo

Você faz serviço imundo

E quem paga é a gente?

Seu doutor fique ciente

Teremos outro final

O seu lixo é mortal

O seu progresso é doente

O seu estudo mente

Pois diz não ter água aqui.

Sou do povo Cariri

Povo apaziguador

Sou também lutador

Sou da sombra do pequi

Eu não vou sair daqui

O meu canto é Gravatá.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Rodrigo de Medeiros Silva.

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