Marcelo Brandão* – Agência Brasil
Brasília – Uma tradição centenária em vários países da África e do Oriente Médio tem encontrado menos adeptos nos últimos anos. A mutilação genital em mulheres e meninas encontra cada vez mais resistência na sociedade, mesmo que ainda seja um procedimento largamente difundido em países da região. De acordo com o estudo Mutilação/Corte Genital Feminino: Uma Visão e Exploração Estatística das Dinâmicas de Mudança, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um número cada vez maior de mulheres e meninas se opõe à mutilação.
Em países como Benin, Gana, Togo e Iraque, a grande maioria de mulheres ouvidas, entre 15 e 49 anos de idade, acredita que o procedimento deve acabar. Famílias passaram a apoiar as filhas, no intuito de não se submeterem à mutilação. Em países como o Quênia e a Tanzânia, mulheres de 45 a 49 anos têm aproximadamente três vezes mais chances de se submeter ao procedimento do que adolescentes de 15 a 19 anos. Fato que indica uma mudança de comportamento dessas comunidades nos últimos anos. No Benin, Iraque e na Nigéria, dentre outros países, o número de mutiladas caiu pela metade entre as adolescentes.
A tendência, no entanto, não é acompanhada em todos os países. Em seis das 29 nações consultadas, mais da metade das mulheres ouvidas ainda se posicionam a favor das mutilações genitais femininas. Mais de 70% das mulheres do Mali são a favor da prática. No Egito, onde cerca de 54% das mulheres são favoráveis às mutilações, 27,2 milhões já passaram pelo procedimento. (mais…)