Chomsky alerta NY Times sobre diferença de tratamento entre Venezuela e Honduras

Ao lado de outros intelectuais, o linguista norte-americano Noam Chomsky enviou correspondência a Margaret Sullivan, editora no ‘The New York Times’, cobrando o jornal a rever seu tratamento sobre Venezuela e Honduras: Chávez, apesar das vitórias eleitorais, é costumeiramente citado como ‘ditador’, e Micheletti, que sucedeu Zelaya, é presidente interino.

ChomskyPor CubaSí, em Carta Maior

14 de maio de 2013.

Estimada Margaret Sullivan,

Em uma coluna recente (12/4/2013) você comentou:

“Embora as palavras e frases por si mesmas não tenham a importância que merecem pelo grande fluxo diário que se cria, a linguagem importa. Quando as organizações de notícias aceitam a maneira de expressar dos governos, elas parecem aceitar a forma de pensar destes governos. No ‘Times’, estas decisões têm mais peso.”

À luz desses comentários, nós a exortamos a comparar a caracterização do New York Times à liderança do desaparecido Hugo Chávez na Venezuela com aquela a Roberto Micheletti y Porfirio Lobo em Honduras.

Nos últimos quatro anos, o ‘Times’ tem caracterizado Chávez como ditador, déspota, líder autoritário, e um “caudilho” em suas coberturas noticiosas. Se incluirmos os artigos de opinião, o ‘Times’ publicou pelo menos quinze trabalhos empregando tal linguagem, descrevendo Chávez como “ditador” o “homem duro”. No mesmo período — desde o golpe militar que derrubou o hondurenho Manuel Zelaya no dia 28 de junho de 2009 — nenhum colaborador do ‘Times’ utilizou esses termos para referir-se a Micheletti, que presidiu Honduras depois do golpe a Zelaya, ou Porfirio Lobo, que o sucedeu. Ao invés disso, o jornal os têm descrito em suas coberturas como “interino”, “de fato”, e “novo”. (mais…)

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Modelo chileno está por um fio, adverte economista

Desde a década de 80, o Chile é apresentado nos centros de poder global como o melhor aluno da região, o modelo que os demais países da América Latina deveriam imitar. Em entrevista à Carta Maior, o economista chileno da Universidade de Cambridge, José Gabriel Palma (foto), adverte que esse modelo está preso em um fio muito fino: o alto preço do cobre. “Se esse fio se romper poderemos cair mais fundo que na crise de 1982, quando o PIB caiu 20%, o desemprego chegou a 30% e a população em situação de pobreza duplicou. Por Marcelo Justo, de Londres.

Por Marcelo Justo, em Carta Maior

Londres – Desde a década de 80, o Chile é apresentado nos centros de poder global como o melhor aluno da região, o modelo que os demais países da América Latina deveriam imitar. Os dados macroeconômicos do governo de Sebastián Piñera supostamente reforçariam essa tese: crescimento de 5,8%, inflação baixa, desemprego baixíssimo. Mas nem tudo o que brilha é ouro. O mal-estar social – manifestações estudantis, greves portuárias e do setor do cobre, entre outras – tem um correlato econômico. Segundo o economista chileno da Universidade de Cambridge, José Gabriel Palma, tudo isso está preso em um fio muito fino: o alto preço do cobre. “Se esse fio se romper poderemos cair mais fundo que na crise de 1982, quando o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 20% entre o terceiro trimestre de 81 e o de 83, o desemprego chegou a 30% e a população em situação de pobreza duplicou. E mesmo que isso não ocorra, não vejo como poderemos sustentar a atual bonança, que não está sendo direcionada para investimentos, mas sim para o consumo”.

Um sinal deste desequilíbrio econômico profundo é a conta corrente da balança de pagamentos que, segundo Palma, passou de um excedente de US$ 3,2 bilhões em 2009 (e US$ 7,1 bi em 2007) para um déficit de US$ 9,5 bilhões em 2012, ou seja, uma deterioração de quase US$ 17 bilhões em 5 anos, equivalente a 8% do PIB. “Esta economia em expansão precariamente sustentada por uma bonança temporal no preço do cobre é o grande “Cavalo de Troia” que Piñera generosamente vai deixar para o próximo governo”, disse Palma à Carta Maior, em uma entrevista onde analisa a fundo a saúde precária do modelo chileno. (mais…)

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Repórter condenada a pagar mais de R$ 2 milhões a José Sarney tem conta bloqueada

José SarneyPor Bruno Paes Manso em Hoje em Dia

O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá determinou o bloqueio das contas da jornalista Alcinéa Cavalcante, condenada a pagar mais de R$ 2 milhões em indenização por danos morais ao senador José Sarney (PMDB-AP). A condenação já transitou em julgado e o processo se encontra atualmente na fase de execução. Alcinéa é colaboradora do Estado no Amapá.

Como Alcinéa não possui bens em seu nome para serem penhorados, a Justiça determinou o bloqueio de sua conta corrente. A jornalista precisou juntar seus contracheques para provar que sobrevive somente de sua aposentadoria como professora, de pouco mais de R$ 5 mil. “A lei não permite bloqueio de salário e esse é o único rendimento da jornalista. Ela vai ficar com o nome sujo e proibida de comprar qualquer coisa em seu nome”, afirmou o advogado Ruben Benerguy, que passou a defender Alcinéa na fase de execução do processo.

A jornalista foi condenada por causa de uma nota publicada em seu blog (www.alcinea.com) durante as eleições de 2006. No blog, ela publica, além de notícias, fotos antigas, poesias, obras de artes e temas variados. Na eleição de 2006, Alcinéa lançou uma enquete: mande fazer um adesivo com os dizeres: “o carro que mais parece comigo é o camburão da polícia”. Sugeriu aos leitores que dissessem o nome do político que deveria receber o adesivo. Vários políticos do Estado – um dos campeões em casos de corrupção, com prefeitos e governadores presos nos últimos anos – foram citados. Também citado na enquete, Sarney não gostou e decidiu processar a jornalista. (mais…)

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Apostasia coletiva marca ativismo por Estado laico na Argentina

Portenhos anulam seu batismo. Foto - Pao Lin (Creative Commons)
Portenhos anulam seu batismo. Foto – Pao Lin (Creative Commons)

No país do papa, religiosidade popular se revitalizou, assim como o ativismo dos que decidem romper vínculos com Igreja

Opera Mundi – A eleição do papa Francisco, em março passado, reacendeu o debate sobre o Estado laico na Argentina. Com o ex-arcebispo de Buenos Aires à frente da Igreja, o catolicismo ganhou destaque nos meios de comunicação e nas ruas, assim como o ativismo por um Estado sem vínculo com religiões.

Com mais de 21 mil membros na rede social Facebook, o movimento Apostasia Coletiva organizou eventos nas principais cidades do país, entre 24 de março (data do aniversário do último golpe militar) e a semana santa, para que grupos de pessoas que querem anular seu batismo entreguem coletivamente o pedido às dioceses. (mais…)

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A Fazendona Brasil e a ‘opção’ pelo desenvolvimentismo ruralista, por Henrique Cortez

Lute para o Hoje em Dia - Humor Político
Lute para o Hoje em Dia – Humor Político

[EcoDebate] – O governo (este e os anteriores) sempre demonstra permanente submissão aos interesses do agronegócio de exportação, principalmente os pecuaristas e sojicultores que, aliados aos grandes grupos econômicos e financeiros, apenas percebem os ativos ambientais como recursos econômicos a serem livremente apropriados.

O manejo sustentável dos recursos naturais, a agroecologia e a agricultura familiar não estão na agenda de compromissos dos grandes interesses econômicos e, por consequência, também não estão na agenda do governo.

Nesta lógica, o governo mantém a opção pelo incentivo à produção e exportação de produtos primários como cláusula pétrea da economia nacional. (mais…)

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