David Harvey, à Carta Maior: ‘Jogos Olímpicos têm uma longa história de desalojamento de populações’

Da Redação Carta Maior

Em virtude do lançamento de seu novo livro, Para Ler o Capital, o geógrafo David Harvey falou com exclusividade à Carta Maior sobre seus últimos trabalhos, o histórico de desalojamento de populações e focos de resistência envolvendo megaeventos e, entre outras coisas, fez sugestões de leitura sobre a atual fase de desenvolvimento do capital.

Convencionou-se apresentar Harvey como “um dos teóricos marxistas mais influentes da atualidade” e “o geógrafo acadêmico mais citado do mundo”. De fato, o distinguished professor da Universidade da Cidade de Nova York pode ser considerado, ao lado de Slavoj Žižek, o intelectual público marxista de maior reconhecimento internacional.

Mas enquanto o filósofo esloveno costuma ser conhecido pela fala exaltada e suas declarações extravagantes sobre a cultura, o britânico construiu sua reputação permanecendo contido e acessível. A crítica do filósofo Ruy Fausto a Žižek, de que ele seria “um perfeito representante da indústria cultural ou, mais precisamente, da grande mídia”, responsável por “momentos extraordinários de marketing”, não cabe ao lacônico David Harvey.

O livro, lançado pela Editora Boitempo, nasceu dos 40 anos de aulas sobre O Capital, de Karl Marx. A íntegra em vídeo do curso encontra-se disponível no seguinte endereço: http://davidharvey.org/reading-capital/. Há dois anos, os estudantes da Universidade da Cidade de Nova Iorque iniciaram um projeto aberto de inserção de legendas nos vídeos, que estão em processo de tradução para 37 línguas.

Além desse incansável esforço relativo à obra-prima de Karl Marx, o geógrafo é um dos grandes responsáveis pela categorização geográfica da dinâmica do capital. Sua produção bibliográfica conta com alguns escritos já clássicos, outros, também elogiadíssimos, de circulação mais modesta.

Do primeiro grupo podemos citar A Produção Capitalista do EspaçoO Novo Imperialismo e Condição Pós-moderna, em que é descrita a relação entre as transformações econômicas e culturais contemporâneas.

Do segundo, Paris, capital of modernity [Paris, capital da modernidade], uma análise da modernização da capital francesa conduzida pelo Barão Haussmann à época de Napoleão III lançando mão dos escritos de Flaubert, Marx e Balzac, e Rebel Cities – from the right to the city to the urban revolution [Cidades Rebeldes – do direito à cidade à revolução urbana], que identifica movimentos como a Comuna de Paris e Occupy Wall Street na chave das insurreições urbanas e percebe a urbe como principal espaço de luta pela superação do capitalismo.

A vinda de David Harvey ao Brasil faz parte do evento Marx: a Criação Destruidora. Em maio, um curso com curadoria de José Paulo Netto dará prosseguimento ao evento.

Programação do evento

Etapa 3. IV Curso Livre Marx-Engels
De 07 a 15 de maio de 2013

O curso contará com aulas de alguns dos principais nomes do marxismo brasileiro em uma apresentação temática e cronológica da obra de Karl Marx e Friedrich Engels.

07/05
15h30 | Aula 01 | A crítica do Estado e direito: forma política e forma jurídica
Com Alysson Mascaro (USP/Mackenzie).
19h00 | Aula 02 | A crítica ao idealismo II: política e ideologia
Com Antonio Rago (PUC-SP).

08/05
15h30 | Aula 03 | A relevância e atualidade do Manifesto Comunista
Com José Paulo Netto (UFRJ).
19h00 | Aula 04 | Análises concretas da luta de classes
Com Osvaldo Coggiola (USP).

14/05
15h30 | Aula 05 | A crítica ao idealismo: o proletariado e a práxis revolucionária
Com Ricardo Antunes (Unicamp).
19h00 | Aula 06 | A crítica ontológica do capitalismo
Com Mario Duayer (UERJ).

15/05
15h30 | Aula 07 | Trabalho e crítica da economia política
Com Jorge Grespan (USP).
19h00 | Aula 08 | Democracia, trabalho e socialismo
Com Ruy Braga (USP).

Inscrições e mais informações no link:http://marxcriacaodestruidora.com.br/evento/

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