*Por Emanuel Cancella, para Sindipetro-LP
Vamos sugerir ao jornalista Amauri Ribeiro Junior que escreva um novo livro sobre a “Privataria Petista”. Apesar de boicotada pela grande imprensa e proibida de circular pelos tucanos, a publicação foi um sucesso de vendas. A edição do segundo volume dessa história de privatizações seria importante para comparar os métodos tucanos e petistas, apontando aqueles que foram favorecidos. Quem foi prejudicado já se sabe, o povo brasileiro.
Dilma serve uma sopa para os miseráveis do país e faz banquete para os ricos do mundo. Em termos de valores, os petistas devem chegar à frente dos tucanos: só a 11ª rodada de leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, a ser realizada nos dias 14 e 15 de maio, envolve, segundo a própria ANP, algo estimado em 30 bilhões de barris de petróleo ou equivalente a três trilhões de dólares. No entanto, a Agência espera arrecadar com o leilão apenas bilhão de dólares.
Todos os valores envolvidos na “Privataria Tucana”, somados (Vale do Rio Doce, CSN, Telebrás, Eletrobrás etc) não atingiriam os valores do que presidente Dilma, do PT, já está privatizando e ainda pretende privatizar, o que inclui aeroportos, portos, estradas e agora o petróleo.
Além dos leilões marcados pela ANP – com reservas que equivalem a pelo menos duas Petrobrás – existo o plano de “desinvestimento” criado pela presidente da companhia, Graça Foster, que inclui o repasse a iniciativa privada de termoelétricas, usinas eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e campos de petróleo.
Foster já está colocando em prática a venda de ativos. Em novembro de 2012 repassou para Eike Batista 40% do campo BS 04, da Bacia de Santos. O governo tucano, que chegou a dividir a Petrobrás em unidades de negócio para vendê-la fatiada, não conseguiu seu intento, mas Graça Foster já começou a venda de ativos. Já está vendendo o patrimônio da Petrobrás.
Graça que disse que, no passado, foi catadora de papel. Em julho do ano passado chegou a declarar a investidores, em Londres, que vai dedicar sua vida para recuperar os valores dos papéis da Petrobrás. Mas os papéis a que ela se referia são as ações da empresa. Diferente de Lula que durante seu governo se reunia todo ano, no Natal, com catadores de papel, Graça nega a própria origem e já “vendeu” um campo gigante de petróleo ao mega empresário Eike Batista. Agora diz que quer ajudá-lo nas dificuldades que enfrenta, no Porto de Açu, em São João da Barra, no norte fluminense. Em visita a Porto Alegre, declarou aos jornais gaúchos que “ainda pretendem fazer outras parcerias com o empresário Eike Batista”.
O problema que o desinvestimento não está previsto em lei e a Petrobrás ainda é uma estatal e não pode ser usada para ajudar amigos empresários. A presidente Dilma ganhou o debate eleitoral e se elegeu presidenta rechaçando a privataria tucana. Fomos vitimas de um estelionato eleitoral? Dilma que parece se afastar do movimento social dos sindicatos e a abandonar bandeiras histórica do PT como a luta contra a privatização a reforma agrária etc. Dilma acaba de desonerar de impostos a grande mídia. “Estima-se que o setor de mídia venha a economizar R$ 1,2 bilhões por ano a partir de 2014, quando o beneficio entra em vigor.”, revela o jornalista Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa.
A presidente se afasta de aliados e se aproxima de inimigos históricos. Lula também usou dessa artimanha, a pretexto da governabilidade. Mas é provável que tenha se arrependido, a julgar pelo ataque diário que recebe por parte da Mídia. A presidenta ainda há de sentir na pele o dito popular: “dia do favor, véspera da ingratidão”.
É inaceitável o silêncio e a cumplicidade do governo do PT, em relação às privatizações. Se mudou de lado, o governo Dilma tem que vir a público e fazer como FHC: assumir as privatizações e falar das vantagens desse modelo. No dia 27 de março, o Senador Roberto Requião, do Paraná, fez um pronunciamento na tribuna do Senado em alto e bom som: “Eu não votei duas vezes no Lula e uma na Dilma para privatizar!”
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*Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Compartilhada por Sônia Mariza Martuscelli.