Por Andreia Fanzeres, OPAN
Xavante de Marãiwatsédé entregam em Brasília relatório para Comissão Nacional da Verdade denunciando violações dos direitos ligados à luta pela terra.
Nesta terça-feira, uma comitiva composta por aproximadamente 24 Xavante da Terra Indígena Marãiwasédé (MT) vai entregar oficialmente à Comissão Nacional da Verdade um relatório demandando exame e esclarecimento sobre as violações dos direitos humanos de que esse grupo foi vítima durante a ditadura militar.
O documento elaborado pela organização indigenista Operação Amazônia Nativa (OPAN) e Associação Indígena Bö’u resgata registros históricos que provam a ocorrência de violações aos direitos humanos nas décadas de 1940 e 1960. Esse estudo preliminar tem grande relevância ao contribuir para um maior entendimento da sociedade sobre o processo de invasão ao território de Marãiwatsédé desde os anos 40, que resultou em escravidão dos indígenas, extermínio de aldeias, assassinatos com requintes de crueldade, remoção forçada de sua terra sagrada e, por fim, um longo processo de desagregação, conforme demonstram os documentos oficiais anexados ao relatório.
Os Xavante foram oficialmente contactados pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e pelas frentes de expansão agropastoris no nordeste de Mato Grosso em 1946. O grupo que vivia na região de Marãiwatsédé foi o último resistente à saída de seu território tradicional. Em poucos anos, intensificou-se um processo de desterritorialização compulsória decorrente de ações de extermínio por meio de expedições punitivas e de dispersão de doenças para as quais o organismo dos indígenas não dispunha de defesa. (mais…)