Terceira Romaria da Chapada do Apodi reuniu cerca de 200 pessoas neste sábado, 20, na comunidade do Tomé, em Limoeiro do Norte. O agricultor e militante José Maria foi assassinado em 2010. Em junho do ano passado, o MPE entregou denúncia à 1ª Vara de Justiça acusando como mandantes do crime o dono de uma empresa agrícola da região e o funcionário dele. Mas não houve qualquer resposta dos meritíssimos; ninguém ainda foi preso
Luar Maria Brandão – O POVO Online
Mais uma caminhada em memória à figura e às lutas do agricultor José Maria Filho foi realizada neste sábado, 20, na comunidade do Tomé, em Limoeiro do Norte, a 207 km de Fortaleza. Zé Maria do Tomé, como era conhecido, foi um dos principais militantes na luta contra o uso de agrotóxicos em plantações na Chapada do Apodi. Mas foi assassinado com 25 tiros, em 21 de abril de 2010.
A Terceira Romaria da Chapada do Apodi reuniu cerca de 200 pessoas entre amigos, estudantes, representantes das pastorais sociais e militantes ambientais e sociais. A caminhada partiu do local onde Zé Maria foi assassinado, em uma estrada estreita, próximo ao aeroporto da Chapada, e seguiu até a Igreja Nossa Senhora de Fátima, na pequena comunidade do Tomé, onde o agricultor morava, com a mulher e os três filhos.
A caminhada foi marcada por gritos de justiça, rezas e discursos que denunciam o uso dos agrotóxicos nas plantações da região e a concentração fundiária na Chapada.
Em junho do ano passado, o MPE entregou denúncia à 1ª Vara de Justiça acusando como mandantes do crime o dono de uma empresa agrícola da região e o funcionário dele. Segundo amigos próximos de Zé Maria, que acompanham o caso, ainda não há qualquer resposta da Justiça quanto ao inquérito do MPE.
Água contaminada
Para Socorro Guimarães, uma das líderes da Associação de Moradores do Tomé, a morte de Zé Maria fortaleceu ainda mais a luta contra os donos de plantações, que pulverizam agrotóxicos e assim contaminam o solo e a água da comunidade. “Aproveitamos ainda para exigir água de qualidade para nosso povo e que parem destruir a natureza e as moradias para aumentar áreas de plantações na Chapada do Apodi”, denuncia.
Presentes na romaria, a mulher e os três filhos de Zé Maria empunhavam placas em homenagem ao agricultor. “Sempre me emociono e ainda temos medo, mas vou manter viva a memória do meu marido”, diz, emocionada, Branquinha Xavier, viúva do militante assassinado.
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