“Sem perder a ternura…”

Foto: Alice Pires Tenetehara. Indígenas que ocuparam a Câmara dos Deputados foram agredidos com Taizer (arma de choque). Cleber Buzato e Renato Santana, ambos do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) também levaram choques, murros e pontapés por parte de seguranças da Câmara.

Ivonete Gonçalves*

Quero registrar aqui a minha indignação com a truculência utilizada pelos seguranças da Câmara contra os camaradas do CIMI, Cleber Buzatto e Renato Santana, com a desculpa de tentar conter a ocupação legítima dos indígenas do plenário da Câmara, quando, na ocasião os policiais apelaram para a utilização do choque elétrico. Especialmente, quero falar do Cleber, a quem conheço pessoalmente. E por conhecer a sua figura de homem simples, estatura mediana, magro e sensível, fiquei na madrugada imaginando a cena brutal, e um sentimento de tristeza e dor brotou em meu coração com a intensidade de uma bomba.

Revivi suas palavras calmas ao falar da necessidade da luta dos povos indígenas e dos pobres deste país, para que pudéssemos construir um país mais Justo para todos e todas, numa reunião em Brasília. Havia amor em seus olhos. Havia coragem e determinação em suas palavras. Amor, coragem e determinação são as armas usadas por ele, para seguir o caminho árduo escolhido conscientemente em defesa da Vida!

E diante deste quadro, visualizado e sentido, pensei no que tenho visto nas redes sociais.  Muitos comentários a respeito de democracia, principalmente quando os cientistas sociais, políticos e antropólogos formados por Veja e Globo criticam Cuba ou Venezuela e se orgulham da democracia que vivem aqui no Brasil.  Democracia essa vivenciada apenas por um grupo. O mesmo grupo que invade os territórios de índios, quilombolas e campesinos em todo o Brasil. Democracia que é estampada nas páginas dos informativos na internet, quase todos os dias, pintada de vermelho do sangue de companheiros sem terra, índios e quilombolas.

E aqui novamente “peço a Deus Que a injustiça não me seja indiferente, Pois não posso dar a outra face, Se já fui machucado brutalmente…” e, assim, deixo aqui o meu carinho e solidariedade aos camaradas Cleber e Renato e a todas e todos as/os que lutam contra as injustiças neste País e ainda se indignam diante de um cenário como este.

*Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/Ba – CEPEDES

Comments (1)

  1. Cara Ivonete, os defensores desta DEMOCRATURA pouco se importam com aqueles que segundo eles fazem parte da minoria. O mau caratismo dos oportunistas e arrivistas, que acendem uma vela prá Deus e outra para o diabo, apostando em quem pagar mais, depassa todo os limtes da ética. Estes crápulas não merecem nenhum respeito. RESPEITO MERECEM OS COMPANHEIROS DO CIMI E TODOS AQUELES QUE ESTÃO NA LUTA CONTRA TODA FORMA DE INJUSTIÇA.
    Um abraço, amiga.

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