2013, por Maria Tereza Horta

Maria Teresa Horta, Lisboa, 30/Dez/2012. Compartilhado por Susan de Oliveira Guarani Kaiowá.

Há sempre um acreditar
maior, levando-nos
na teima a prosseguir

Firmados nas raízes fundadoras
prontas a tecer a ventania
feita de ideais e de porvir
de vontade, de sonho e poesia

Pois existe um voo e um lutar
uma batalha pronta a impedir
a violência, o medo, o proibir

Há sempre um acreditar
maior, levando-nos
na teima a resistir

Exigindo o direito a inventar
um outro futuro a construir
apesar do vender e do roubar

Pois existe uma constância
em desagravo, outros modos
de amar, outra maneira
a fazer da vida um canto aberto

E da liberdade uma bandeira

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“Bella Ciao” depois da Santa Missa

Compartilhado por Sonia Mariza Martuscelli: “Il giorno 8 dicembre 2012 al termine di una Messa straordinariamente sentita e partecipata per il 42° anniversario della comunità di San Benedetto e per ricordare Domenico Cataldi, improvvisamente mancato, si è intonata la canzone partigiana “Bella Ciao” come impegno alla resistenza a tutte le ingiustizie”.

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Marãiwatsédé – “Forças federais desocupam área indígena no Mato Grosso”

Cleide Carvalho – O Globo
SAO PAULO. As forças federais que trabalham na retirada de não índios da Terra Indígena Marãiwatsédé conseguiram, na madrugada deste domingo, ocupar o distrito de Posto da Mata, no Mato Grosso, principal reduto de resistência à desocupação da área. A estratégia era ocupar o distrito num momento em que poucas pessoas estivessem no local, para evitar confrontos. Posto da Mata é a principal entrada para a TI Marãiwatsédé, onde estão localizadas pelo menos 12 das grandes fazendas e posses de tamanho médio de políticos locais.

Na última sexta-feira, um caminhão da Fundação Nacional de Saúde ( Funasa) , que transportava sete toneladas de alimentos para comunidades indígenas do Mato Grosso, foi saqueado e seus dois ocupantes – uma funcionária da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e o motorista da Funasa foram vítimas de cárcere privado e tortura.

– Os dois funcionários federais foram levados a um pequeno hotel em Posto da Mata e foram mantidos reféns por várias horas. Foram ameaçados de morte. Como a funcionária da Sesai começou a passar mal, pois tem problemas de pressão alta, um fazendeiro colocou os dois num carro e levou até Porto Alegre do Norte, onde foram liberados – disse Paulo Maldos, da Secretaria Nacional de Articulação Nacional. (mais…)

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Empresa de família de deputado federal entra na “lista suja” da escravidão

Complexo Agroindustrial Pindobas, empresa pertencente à família do deputado Camilo Cola (PMDB-ES), está entre as 56 novas inclusões no cadastro. Empresário é fundador do grupo Itapemirim

Por Anali Dupré, Daniel Santini, Guilherme Zocchio e Stefano Wrobleski

O Complexo Agroindustrial Pindobas, que pertence à família do deputado federal Camilo Cola (PMDB-ES), está entre as 56 empresas e pessoas físicas incluídas na última atualização do cadastro de empregadores flagrados explorando pessoas em situação análoga à de escravos, divulgada na última sexta-feira, 28. Conhecida como “lista suja” do trabalho escravo, a relação é mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e tida como uma das mais importantes ferramentas na luta pela erradicação da escravidão contemporânea no Brasil.

A empresa da família Cola entra na atualização por conta de fiscalização realizada em 2011, quando foram encontrados 22 empregados do grupo em situação análoga à de escravo. Suplente da coligação PT-PSB-PMDB no Espírito Santo, o deputado assumiu a vaga de Audifax Barcelos (PSB-ES) de 6 de julho a 3 de novembro deste ano. Fundador do grupo Itapemirim, ele é um dos empresários mais poderosos do Espírito Santo e em 2010 declarou à Justiça Eleitoral crédito de R$ 1,1 milhão com o Complexo Agroindustrial Pindobas. A empresa é uma das propriedades disputadas por seus futuros herdeiros – conforme detalhado no livro Partido da Terra, do jornalista Alceu Luís Castilho. Nem o deputado, nem representantes da empresa foram encontrados para comentar a inclusão.

A lista serve como parâmetro para bancos na avaliação de empréstimos e financiamentos e para empresas na contratação de fornecedores. As signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, acordo que reúne alguns dos principais grupos econômicos do país, comprometem-se a não realizar transações econômicas com os que têm o nome na relação. Não é a primeira vez que políticos e suas empresas entram na lista.   (mais…)

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Policiais reforçam desocupação em terra indígena de MT

Cerca de 50 viaturas da força-tarefa chegaram, hoje, para reforçar a desocupação da área de Posto da Mata, próximo a Alto do Boa Vista, região onde estão sendo retiradas famílias que ocuparam áreas indígenas há anos. Segundo Agência da Notícia, a ordem da Força Nacional, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal é de que ninguém deve entrar e nem sair da área. Há informações de que os policias tenham fechado os dois acessos ao posto.

Conforme Só Notícias já informou, na sexta-feira (28) um caminhão da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) que transportava cestas básicas para os índios foi incendiado ao tentar passar na região do posto. Segundo a Funai, antes de ser colocado fogo, um grupo de pessoas que resistem a desocupação saqueou os produtos.

Desde o início da operação, no último dia 10, foram vistoriadas 83 fazendas, sendo que 46 já estão em posse da Funai.

http://www.sonoticias.com.br/noticias/7/167124/policiais-reforcam-desocupacao-em-terra-indigena-de-mt

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Inclusão e os labirintos da educação

Por Lucio Carvalho *

Já faz algum tempo que eu desconfio dos trajetos sem percalços. Da realização pessoal custe o que custar. Do sucesso a qualquer custo. Dos resultados, metas, indicadores e dos gráficos-pizza. Desconfio também dos objetivos sublimes e metas solenes. E desconfio mais ainda de qualquer projeto educacional cuja métrica seja meramente cumulativa ou comparativa. Que trate de pessoas como se fossem recipientes de um saber sempre suposto, porque nem na ciência mais avançada há verdades absolutas. Eu quero dizer que estamos historicamente nos utilizando de indicadores equivocados para avaliar as pessoas, na escola e também fora dela. E quero insistir que levar a educação inclusiva por esse caminho compete em um risco imponderável.

Por isso pretendo me tornar, em 2013, um pregador do uso do FIB (Felicidade Interna Bruta) ao invés do PIB (Produto Interno Bruto) como único critério cabível para os estudantes, principalmente as crianças, e para seus pais e professores também. Chega de tanto sequestro de felicidade em nome de “desempenho”. Estamos falando de pessoas, não de “economês”. Pode estar certo que muitos de nós não hesitem em adotar a terminologia do mercado até mesmo para avaliar a própria vida, mas não temos o direito de fazer isso a mais ninguém exceto a nós mesmos. Muito menos a nossos filhos ou alunos.

Eu digo isso porque precisamos lidar com os fracassos, conhecê-los em detalhe, e não fugir deles como o diabo foge da cruz. A impressão que tenho, muitas vezes, é de que estamos impregnados de critérios alienígenas, que sequer aos próprios alienígenas se prestam. Apesar disso, nos últimos anos não posso mais contar nos dedos as histórias de sucesso envolvendo as vidas de pessoas com deficiência sobre as quais tomei conhecimento. Falo aqui especialmente das pessoas com deficiência intelectual de quem se espera, inclusive, que não reportem traços de sua deficiência, num tipo de reconhecimento social bastante típico desta época. (mais…)

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Ex-coordenador da Funai vai falar sobre índios mortos na ditadura

José Porfírio Carvalho, que vai falar à Comissão da Verdade. Foto: Alberto César Araújo/Folhapress

Ex-coordenador da Funai (Fundação Nacional do Índio) na Amazônia, o indigenista José Porfírio Fontenele de Carvalho, 65, vai falar à Comissão da Verdade sobre as mortes de índios no período da ditadura militar. Ele foi testemunha do desaparecimento dos índios waimiri-atroari durante a construção da BR-174. 

Veja seu depoimento a Rogério Pagnan, da Folha de São Paulo:

“Nasci em Granja, no Ceará. Aos 19 anos, durante a ditadura, fui para Brasília estudar contabilidade na UnB.

Tive vários conflitos com os militares. Aquilo foi me chateando. Surgiu um concurso de auditor contábil no Serviço de Proteção do Índio, antes de a Funai ser fundada, em 1967. Fui o primeiro colocado. (mais…)

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“Oito sinais dos tempos e dos lugares”, por Gilvander Luís Moreira*

*Artigo semanal de Frei Gilvander para Combate ao Racismo Ambiental

1. No dia do Natal de 2012, em Porto Alegre, RS, a temperatura chegou a 43º C. Dia seguinte, no Rio de Janeiro, RJ, 43º C. Em Arinos, noroeste de Minas Gerais, o sol está estorricando. Se deixar milho pipoca no sol, dentro de poucos minutos, a pipoca estará pronta. Se deixar ovos sob o sol, serão assados. “Os peixes estão sendo assados nos poucos rios que ainda existem”, diz em tom irônico um pescador. Os camponeses estão dizendo: “A situação está feia. Quase final de ano e quase nada de chuva. As águas estão acabando. Depois que acabaram com o cerrado e agora com a plantação de eucalipto, esse vampiro das águas, os córregos estão quase todos secos. Aqui na região havia lagoas por todos os lados. Agora está tudo seco.” O povo está ficando mais debaixo das poucas árvores que ainda existem. Ficar dentro de casa é o mesmo que estar em uma sauna. Há pessoas que estão dormindo dentro de automóveis com motor funcionando e ar condicionado. Quem pode, compra ventilador. Quem é mais jovem corre para os poucos rios da região e passa o dia dentro d’água. Outro dia, por exemplo, almoçamos dentro do Rio Claro – afluente do Rio Urucuia, que é um dos 36 afluentes do rio São Francisco -, com as panelas de alimento colocadas encima das pedras. Só a Sidersa – Siderúrgica Santo Antônio -, Companhia de um dono de Siderúrgica de Itaúna, MG, que tinha o ex-governador Newton Cardoso como sócio, já plantou mais de 30 mil hectares de eucalipto, inclusive ao lado das nascentes do Rio Claro, citado acima.

2. Os pescadores da beira do Rio São Francisco já estão prevendo que vão passar meses de escassez  porque as chuvas foram pouquíssimas até o final de 2012 e, por isso, a barragem de Três Marias e as outras seis grandes barragens do Velho Chico estão com pouca água. Vai faltar água para gerar energia, mas antes os ribeirinhos sofrerão pela falta de peixe, pois “sem as cheias não acontecem desovas; e sem desova não se cria novos peixes”, diz Sr. Norberto, pescador há 70 anos no Velho Chico, na região de Três Marias. “Sr. Norberto, a Votorantim continua jogando metais pesados no Rio São Francisco aqui em Três Marias, poluindo o Rio?”, perguntei. “Com nossa luta, o Ministério Público exigiu que a Votorantim fizesse uma nova barragem para recepção de rejeitos minerários. O preocupante agora aqui é que estão planejando para construir nove barragens/hidrelétricas no Rio Abaeté. Isso não pode acontecer, pois se as águas forem represadas, não haverá mais piracema e os peixes serão dizimados, inclusive, aqui no Rio São Francisco”.

3. 334 pessoas em situação de rua assassinadas – crucificadas – no Brasil em 2012! Em 10 anos serão acima de 3.340, caso as forças vivas da sociedade não lutem para transfigurar essa realidade dramática. Maior algoz: o Estado, através de policiais e guardas municipais. A presidenta Dilma assistiu ao vídeo sobre a violência contra a população de rua(1). Não poderá alegar que não tem conhecimento dessa violência que clama aos céus: a violência contra as pessoas em situação de rua. Por que não mudar a política econômica e investir prioritariamente em reformas agrária e urbana, em educação e saúde públicas, em Minha Casa Minha Vida através de entidades e em Direitos Humanos? Será que teremos que arregimentar milhares de voluntários para vigiar as pessoas que estão em situação de rua enquanto elas tentam dormir sob as marquises, nas praças ou debaixo dos viadutos, para não serem despertados com jatos d’água ou com gás de pimenta? (mais…)

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Kabengele Munanga: “A educação colabora para a perpetuação do racismo”

Entrevista a Adriana Marcolini – Carta Capital

Nascido no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, em 1942, o professor de Antropologia da Universidade de São Paulo Kabengele Munanga aposentou-se em julho deste ano, após 32 anos dedicados à vida acadêmica. Defensor do sistema de cotas para negros nas universidades, Munanga é frequentemente convidado a debater o tema e a assessorar as instituições que planejam adotar o sistema. Nesta entrevista, o acadêmico aponta os avanços e erros cometidos pelo Brasil na tentativa de se tornar um país mais igualitário e democrático do ponto de vista racial.

CartaCapital: O senhor afirma que é difícil definir quem é negro no Brasil. Por quê?

Kabengele Munanga: Por causa do modelo racista brasileiro, muitos afrodescendentes têm dificuldade em se aceitar como negros. Muitas vezes, você encontra uma pessoa com todo o fenótipo africano, mas que se identifica como morena-escura. Os policiais sabem, no entanto, quem é negro. Os zeladores de prédios também. (mais…)

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