Estudo ‘Direitos Humanos no Brasil’ critica reforma agrária
Tatiana Farah
SÃO PAULO — Quinze bebês indígenas morreram em apenas oito meses no Brasil, 14 deles com as doenças provocadas pela miséria, como vômito e diarreia. Um guarani caiová de apenas 9 meses morreu no Mato Grosso do Sul quando caiu dos braços de sua mãe, que fugia de pistoleiros na aldeia Arroio Korá. A denúncia faz parte do relatório “Direitos Humanos no Brasil” divulgado ontem pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
As mortes dos bebês foram levantadas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), de janeiro a agosto deste ano, e apresentados pela pesquisadora Rosane Lacerda, professora da Universidade Federal de Goiás. O relatório trata ainda da violência no campo, de trabalho escravo e da violência contra gênero, abordando mulheres e homossexuais.
Em seu artigo sobre a situação do campo, o economista José Juliano de Carvalho Filho, da USP, critica os governos Lula e Dilma. Ele aponta que, comparado ao primeiro ano do governo de Fernando Henrique Cardoso (43 mil famílias assentadas) e ao de Lula (36 mil), o de Dilma foi o pior para a reforma agrária: 21,9 mil famílias assentadas. Para o economista, o acompanhamento dos dez anos do PT no governo “mostrou como evidência principal a não mudança”, com “agravamento do conservadorismo”.
— Este foi o pior ano para a reforma agrária. Há um abandono dessa política e, nesse contexto, o Brasil mantém, ao contrário do mundo, um modelo agrícola baseado em insumos químicos, os agrotóxicos — disse a coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Maria Luisa Mendonça. (mais…)
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