O antropólogo guarani-kaiowá, Tonico Benites, fala mansa, olhos luz, lançou dois livros no Auditório da FAED/UDESC em Itacorubi: “A Escola na Ótica dos Ava Kaiowá, impactos e interpretações indígenas” e “Kiringue Arandua Rupiguare, as ideias das crianças”, da prof. Antonella Tassinari e outros autores indígenas, publicado pelo NEPI, que trata da realidade de Morro do Cavalo. Além do valor intrínseco da apresentação, o resgate feito por Benites de alguns conceitos fundamentais na luta dos povos originários pela sua terra e pelo respeito à sua história foram centrais.
Costumamos falar de apartheids, quando conversamos da situação que vivia África do Sul, ou da que padece a Palestina. No entanto, quando nos referimos aos diversos tipos de muro (físicos, jurídicos e até virtuais) levantados contra as civilizações originárias, suas famílias biológicas e suas famílias sociais, desde a Alaska até o sul da Argentina usamos o eufemismo “reservas”. Vantajosa palavra para os brancos, porque parece uma concessão piedosa dos invasores, uma falsa proteção que sugere o limite no qual são encerrados, ou aonde são despejados ou limitados os povos originários. A prisão, muitas vezes variável, na que vivem os povos indígenas, despejados, deslocados, assassinados por milhares a cada ano na Nossa América, e a cultura branca de costas a este genocídio tiveram uma interrupção do silêncio no Brasil, com a luta dos Guarani-Kaiowá. Portanto, foi oportuna a decisão de trazer a apresentação destes livros e das artes indígenas, sobre tudo, da descrição da guerra que estes povos suportam contra o agronegócio e um Estado cúmplice. (mais…)