2.1 – No início, mulheres lutadoras.
As mulheres parteiras do Egito – a Bíblia registra os nomes de duas: Séfora e Fuá (Êxodo 1,8-22) -, diante de um Ato ditatorial (Medida Provisória = “Decreto Lei”) que mandava matar as crianças do sexo masculino, se organizaram e fizeram greve e desobediência civil-religiosa. “Não vamos respeitar uma lei autoritária do império dos faraós.
O Deus da vida quer respeito à dignidade humana e não concorda com a matança de crianças e com nenhuma opressão”, diziam em seus corações Mulheres do “sistema de saúde” do Egito. Diz a Bíblia: “Deus estava com as parteiras. O povo se tornou numeroso e muito poderoso.” (Ex 1,20), isto é, crescia em quantidade e em qualidade. O Movimento das Mulheres campesinas, a Marcha Mundial das Mulheres, as guerreiras de Dandara, o Movimento Feminista, todos são legítimos herdeiros do Movimento das parteiras do Egito. O mesmo Deus que impulsionou as parteiras estava com as mil Mulheres da Via Campesina que expuseram a farsa da Aracruz celulose em 08 de março de 2006.[2] Ontem, lutavam contra o império dos faraós; hoje, lutam contra o império das multinacionais.
2.2 – Profeta Elias, intransigente defensor dos pequenos.
Em meados do século IX a.C., o profeta Elias ferveu o sangue de indignação quando ouviu e viu que o rei Acab, a primeira dama Jezabel e latifundiários estavam reforçando a latifundiarização da terra prometida pelo Deus da vida ao povo Sem Terra, filhos/as de Abraão e Sara. A terra para o povo da Bíblia é herança de Deus, deve ser passada de pai para filho para usufruto; jamais ser considerada uma mercadoria. “Javé me livre de vender a herança de meus pais” (I Rs 21,3), respondeu Nabot, um pequeno agricultor, ao receber uma proposta indecorosa do rei que desejava comprar seu sítio para anexá-lo ao grande latifúndio que já tinha acumulado. O rei Acab se irritou com a resistência de Nabot. Jezabel, rainha adepta do ídolo Baal, manipulou a religião e a justiça para roubar a terra do sitiante. Caluniou, criminalizou e demonizou Nabot que, com o beneplácito do poder judiciário, foi condenado à pena de morte na forma de apedrejamento. Morte que mata aos poucos. Hoje, o “apedrejamento” aos empobrecidos acontece por meio de calúnias, humilhações e, muitas vezes, com o veredicto da justiça. Mais de 6 milhões de indígenas e outros 6 milhões de negros já foram os Nabots no Brasil. Com a cumplicidade da classe dominante e a omissão de muitos, cerca de 30 mil jovens estão sendo exterminados no Brasil anualmente, na guerra química, não declarada, do crack. (mais…)
Ler Mais