Ótima: Carta do antrópologo Henyo Barretto à Ombudsman da Folha de SP

Prezada Srª,

Lamentável e, porque não dizer, medíocre a matéria de Matheus Leitão que apresenta a “pesquisa inédita do Datafolha, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil” sobre “o perfil indígena brasileiro”, publicada hoje [ontem] na Folha de São Paulo – “um jornal a serviço do Brasil”. A rigor não sei se os predicados se aplicam a matéria, ou a “pesquisa” que ela se propõe a descrever/relatar.

A começar pelo objeto/objetivo da enquete (palavra mais adequada para definir o que o Datafolha faz, pois “pesquisa” com dados agregados gerais sobre povos indígenas é uma outra coisa): o que é “o perfil indígena brasileiro”? A julgar pela matéria sobre a enquete – que não sei se é parâmetro (ou não) para emitir um juízo sobre a mesma (mas vamos em frente) – referido perfil corresponde ao processamento de respostas a um conjunto de
perguntas pretensamente factuais e opinativas sobre o acesso a bens, serviços e políticas públicas. Isso é suficiente para definir “um perfil” – indígena ou não? Ou, perguntando de outro modo, é assim que se define “um perfil” – indígena ou não? O meu perfil, o seu, o nosso?

O primeiro parágrafo da descrição da metodologia – os “critérios” – seria patético, se não fosse trágico – dadas as consequências potencialmente nefastas da conclusão a que chegou a enquete (chegarei a esta já, já). Diz-se que o sorteio das aldeias teria “lev[ado] em conta a região em que se localizam e o tamanho da população indígena residente”, mas não se explicita como: Quantas e quais regiões? Considerou-se o que na definição destas? São as áreas etnográficas da América do Sul (Melatti), as regiões das Coordenações Regionais da FUNAI, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas, os Territórios Etnoeducacionais? Quais os distintos agregados demográficos considerados? Enfim, sem explicitar nada disso, a matéria (Ou seria a enquete? Ou seria a matéria como análise conclusiva dos dados  produzidos pela enquete?) afirma que: “os dados são representativos dos índios brasileiros” e “os índios brasileiros estão integrados ao modo de vida urbano”. (mais…)

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Carta aberta em apoio à Comunidade Vila Oliveira, do Recife

Na noite do dia 6 para o dia 7 de novembro de 2012, vinte famílias da comunidade Vila Oliveira foram expulsas de suas casas. Assistiram em seguida à destruição das suas habitações, construídas com suor e trabalhos próprios há mais de 30 anos. O nome do cinturão: imissão de posse. O pai, sem rosto, é a autoridade invisível da justiça. O caso da Vila Oliveira não é um fato isolado no Recife.

Direitos Urbanos – Recife

Se alguém na semana passada tivesse se informado apenas pelos jornais tradicionais, ficaria sabendo que moradores da Vila Oliveira em Recife protestavam, tal como na letra de Chico Buarque, “na contramão, atrapalhando o tráfego”. Mais uma comunidade havia sido removida, gerando os choros e resmungos de sempre, causando os transtornos habituais no trânsito. Por trás desse enredo contado pelos jornais, como se fosse mais uma recorrência de um mesma narrativa, há a história das pessoas da Comunidade Vila Oliveira, que perderam suas casas – e tantas outras coisas intangíveis – de maneira arbitrária e absurda.

Diante da cobertura pela imprensa onde as informações eram descuidadas, imprecisas e a postura arrefecida, o contato direto com a comunidade ou com as pessoas a ela vinculadas nas ações de resistência, assim como a consulta também direta às sentenças judiciais se constituíram como as únicas formas de conhecer a história concreta do processo e da luta para tentar revertê-lo. Assim formou-se uma rede de apoio, de circulação de informação e de análise coletiva dos fatos, da qual a carta abaixo, publicada originalmente pelo grupo ‘Direitos Urbanos | Recife’, é um dos resultados. (mais…)

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O novo Tietê

Especialistas alertam que rio São Francisco está prestes a morrer. Salvação é possível, mas governo fecha os olhos e projeto de transposição, além de beneficiar apenas o grande agricultor, aceleraria ainda mais o processo

Mauro de Bias

O mais nordestino de todos os rios está perto de adquirir uma imagem um pouco mais… Paulistana. O descuido de décadas para com o Velho Chico vai custar caro e o alto nível de degradação pode transformar o São Francisco num novo Tietê. O alerta não é de hoje: há exatos vinte anos, por exemplo, o frei Luiz Cappio peregrinou da nascente à foz da importante torrente e se manifestou em defesa daquelas águas. Tempos depois, em 2007 e 2009, o mesmo frei ganhou atenção da mídia internacional ao fazer duas greves de fome diante dos planos de transposição do curso do rio: para ele, o projeto do governo federal beneficiaria o agronegócio em detrimento da agricultura familiar e comunidades em regiões secas.

Mesmo depois da campanha, a degradação avançou. Em setembro deste ano, o biólogo José Alves de Siqueira Filho, professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), publicou um livro alertando para o que chamou de “extinção inexorável” do rio. A obra, “Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação” (Andrea Jakobsson Estúdio, 2012), é o resultado do trabalho de mais de cem pesquisadores sobre o tema. E os prognósticos dos cientistas não são nada animadores. (mais…)

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Feministas e acadêmicas entregam carta manifesto em solidariedade às mulheres guarani kaiowá

ISA, Instituto Socioambiental

Esta prevista para esta segunda-feira (12/11), a entrega de uma carta manifesto à presidente Dilma Rousseff e à ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci de Oliveira. O documento exige providências urgentes do Estado brasileiro em relação à violação dos direitos humanos das mulheres e crianças guarani kaiowá.

A carta foi assinada por quase 200 feministas e acadêmicas de todas as regiões do Brasil, registrando o repúdio à situação a qual mulheres e crianças guarani kaiowá estão sendo submetidas por conta do conflito, que já dura mais de 40 anos em relação à demarcação das terras indígenas dessa etnia em Mato Grosso do Sul. Também será entregue um documento com quase duas mil assinaturas, que circulou nas redes sociais, e que pede ao estado uma intervenção pacífica e imediata na região.

Leia a carta aqui.

Compartilhada por Sonia Guarani Kaiowá Munduruku.

http://www.socioambiental.org/nsa/nsa/detalhe?id=3703

 

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MPF em SP pede retirada da frase ‘Deus seja louvado’ das notas de reais

Expressão 'Deus seja louvado' em nota de R$ 20 (Foto: Fábio Tito/G1)

Procuradoria pediu à Justiça que termine à União a retirada da expressão. Ação pede prazo de 120 dias para que notas sejam impressas sem frase.

Do G1, em São Paulo

A Procuradoria da República no Estado de São Paulo pediu à Justiça Federal que determine a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas de reais.

A ação pede, em caráter liminar, que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase, anunciou nesta segunda-feira (12) a procuradoria. Dessa forma, a medida não gerará gastos aos cofres públicos, diz o Ministério Público Federal em São Paulo.

“O Estado brasileiro é laico e, portanto, deve estar completamente desvinculado de qualquer manifestação religiosa”, cita a procuradoria, como um dos principais argumentos da ação.

Uma das teses da ação é que a frase “Deus seja louvado” privilegia uma religião em detrimento das outras. Como argumento, o texto cita princípios como o da igualdade e o da não exclusão das minorias. (mais…)

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Consórcio suspende obras de Belo Monte após revolta de operários em função de desacordos trabalhistas

A Agência Brasil costuma manter um equilíbrio em geral elogiável, mesmo ao tratar questões que envolvem críticas ao governo federal. Na matéria abaixo, entretanto, parece que não só o vocabulário como a visão de mundo do consórcio empresarial responsável pela monstruosidade Belo Monte tomaram conta do texto. Desde o título (por nós trocado), a palavra vandalismo se repete de diferentes formas em quase todos os parágrafos, até a edificante citação final. Pode-se até lamentar o uso do incêndio como instrumento de protesto, inclusive pelo perigo  que representa para os próprios operários, mas sem omitir jamais que eles foram e continuam a ser movidos por uma revolta mais que justa ante a forma como vêm sendo tratados e desrespeitados nos seus direitos de trabalhadores, infelizmente a serviço de algo que será muito mais danoso ainda para os habitantes tradicionais da região. TP.   

Pedro Peduzzi, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Alegando questão de segurança, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) anunciou hoje (12) a paralisação das obras de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. A empresa informou que houve vandalismo nos canteiros de trabalho no sábado (10) e ontem (11), com o registro de sete pessoas com ferimentos leves.

De acordo com o CCBM, um grupo formado por cerca de 30 pessoas encapuzadas incendiou e saqueou no sábado o Sítio Pimental, uma das frentes de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Ontem, uma nova ocorrência de vandalismo foi registrada no canteiro Canal e Diques e no Sítio Belo Monte, invadidos por cerca de 20 encapuzados. (mais…)

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Argentina: Parlamento Internacional de Comunicación Indígena

Desde el 13 al 16 de noviembre de 2012 se realizará en Buenos Aires el “Parlamento Internacional de Comunicación Indígena y Plurinacionalidad”. La propuesta es elaborar una legislación de comunicación indígena que permita a las organizaciones de los pueblos originarios y colectivos de comunicación generar políticas públicas. Así también impulsar el derecho a la comunicación, aspecto fundamental en el proceso de fortalecimiento de la autodeterminación y autonomía.

Organizado por la Coordinadora Latinoamericana de Cine y Comunicación de los Pueblos Indígenas (CLACPI), el Centro de Comunicación Mapuche KONA (Argentina) y el Grupo de Estudios y Comunicación Mapuche Lulul Mawhida (Chile) el “Parlamento Internacional de Comunicación Indígena y Plurinacionalidad” será una instancia importante para que los Pueblos Originarios generen políticas públicas de Comunicación Indígena y Plurinacionalidad. (mais…)

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Comissão da Verdade apura mortes de índios que podem quintuplicar vítimas da ditadura

UOL Notícias

A Comissão Nacional da Verdade começou a investigar, em outubro deste ano, o desaparecimento de aproximadamente 2.000 índios da etnia Waimiri-Atroari durante a ditadura militar. O sumiço dos indígenas, cujo território se estendia de Manaus até o sul de Roraima, ocorreu entre 1968 e 1983, época em que o governo federal construiu a rodovia BR-174 –ligando a capital amazonense a Boa Vista– para atrair à região projetos de mineração de multinacionais.

A comissão recebeu um relatório, com 92 páginas e dezenas de documentos anexos, elaborado pelo Comitê Estadual da Verdade do Amazonas. O dossiê reúne relatos dos índios, depoimentos de sertanistas, militares e funcionários públicos, entre outros indícios que apontam para a existência de um massacre dos Waimiris-Atroaris, operado pelo Exército por meio de táticas de guerra, inclusive. (mais…)

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