Pai viu indígena ser atingido por disparos e sumir em rio, diz Funai. Confronto ocorreu nesta quarta-feira (7) durante operação da PF
Pollyana Araújo – Do G1 MT
Um índio da etnia Mundurukú, no município de Alta Floresta, a 800 quilômetros de Cuiabá, desapareceu no Rio Teles Pires durante o confronto entre indígenas e agentes da Polícia Federal nesta quarta-feira (7). Segundo o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) da região, Clóvis Nunes, o pai do rapaz de 30 anos viu o momento em que o filho foi baleado quando estava no rio. Depois disso, ele não foi mais encontrado.
A suspeita, conforme a Funai, é de que o indígena tenha morrido no rio. “O pai dele viu a hora que ele foi atingido pelos disparos e até agora ele não foi localizado”, disse Clóvis ao G1. Ele afirmou que ainda não foi chamado o Corpo de Bombeiros para fazer as buscas, mas que pessoas da própria comunidade procuram o índio que encontra-se desaparecido. “O apelido dele é Ussuru e deve ter de 7 a 8 filhos”, contou Clóvis.
Além desse desaparecido, dois indígenas ficaram feridos e foram transferidos para o Pronto-Socorro de Cuiabá. Primeiro, eles foram atendidos no Hospital Regional de Alta Floresta onde um deles recebeu transfusão de sangue por ter perdido muito sangue devido os ferimentos. O outro, cujo estado de saúde é mais grave, passou por cirurgia e pode ter o braço amputado, conforme a assessoria de imprensa do Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (Ipas), que administra a unidade de saúde.
Quatro agentes da PF também tiveram ferimentos, mas receberam atendimento no próprio local do confronto, que ocorreu no momento em que os agentes entraram na aldeia para destruir dragas que eram utilizadas para extrair ouro de forma ilegal. A “Operação Eldorado” foi , deflagrada nesta terça-feira (6) em Mato Grosso e outros seis estados que resultou na prisão preventiva de 28 pessoas.
De acordo com a Polícia Federal, os indígenas foram atingidos por balas de fuzil porque atacaram os policiais federais com flechadas e disparos de arma de fogo.
O coordenador da Funai avalia que o conflito pode ter sido motivado porque os indígenas não querem o fim do garimpo em suas terras. “Lá existe atividade garimpeira feita no leito do rio. Muitas dragas e balsas atuam na região e os índios recebem uma porcentagem dos lucros obtidos pelos garimpeiros”, disse. Ele alegou desconhecer que os indígenas tenham outras armas além das usadas para a caça de animais silvestres.
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http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/11/indio-baleado-some-em-rio-durante-confronto-entre-tribo-e-pf-em-mt.html