Teresina a New York, por Roberto Malvezzi (Gogó)*

Rodoviária de Teresina, 19 horas, o termômetro crava 40º redondos. Os piauienses que transitam pela rodoviária parecem pouco se importar com o calor. A capital e a cidade de Picos, mais ao interior, estão entre as cidades mais quentes do Brasil.

Nova York arrasada, seis milhões de pessoas sem energia, estações de metrô inundadas, ratos  pelas calçadas, 82 pessoas mortas por onde a tempestade passou. Prejuízos na ordem de 50 bilhões de dólares. Sandy não ostentou nenhuma delicadeza. A capital do mundo sofreu como qualquer cidade de outros cantos do planeta. Claro, se fosse pobre, as mortes humanas seriam infinitamente maiores.

O prefeito da cidade não teve dúvidas: “fenômeno ocasionado pelas mudanças climáticas”. Nem o altíssimo nível tecnológico foi capaz de enfrentar as forças brutais da natureza. Para o prefeito “tudo que temos é velho, incapaz de enfrentar esses fenômenos”.

O mundo da ciência que acompanha as mudanças climáticas acha que elas já estão presentes, cada vez mais graves. Não porque não havia – ou não há – alternativas, mas simplesmente porque o mundo da política e da economia imediatistas está de costas para a realidade cruel que avança a olhos vistos.

Dizem os especialistas que o Nordeste vai ficar em média de 2º a 4º mais quente com as mudanças do clima. Vamos ter menos chuvas, mais evaporação, menos água. Mas, segundo os especialistas, Teresina – não entendo por que – não vai ficar mais quente do que é. Então, os piauienses já estão adaptados às mudanças climáticas.

Moral da história, de Teresina a Nova York, as mudanças climáticas podem nos igualar pela tragédia.

Relembremos Darwin: não são os mais fortes que sobrevivem, são os que melhor se adaptam. Porém, até a adaptação tem limites.

*Formado em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7796:meioambiente021112&catid=32:meio-ambiente&Itemid=68

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