Moradores de ‘favela esquecida’ no Rio vivem entre escombros e ratos

Vista geral da favela do Metrô, uma área comprimida entre a avenida Radial Oeste e a linha de trens, ao lado da estação Maracanã, na zona norte do Rio

Fabio Brisolla

RIO – O terreno ao redor da casa do comerciante Eomar Freitas, 36, parece ter sido alvo de um bombardeio. São escombros por todos os lados. Ele mora na favela do Metrô, uma área comprimida entre a avenida Radial Oeste e a linha de trens, ao lado da estação Maracanã, na zona norte do Rio.

Situada a 500 m do estádio da final da Copa de 2014, a favela está sendo removida pela prefeitura. Desde outubro de 2010, moradores de 354 casas foram para conjuntos habitacionais. Para muitos, foi a realização de um sonho. Já as 313 famílias remanescentes vivem há dois anos em um pesadelo.

As casas restantes estão cercadas por entulhos e lixo, que causaram uma infestação de ratos. Viciados em crack e moradores de rua passaram a viver nas residências abandonadas. Os roubos às casas ocupadas aumentaram a sensação de insegurança.

Com a remoção parcial, algumas casas foram demolidas.

“Olhando ao redor, parece que estou na Líbia”, diz o cearense Eomar, que comprou há 18 anos o lote. Ao longo do tempo, ergueu quatro pavimentos, que somam cinco moradias, ocupadas antes por parentes.

Hoje, é o único morador. Ficou para proteger o patrimônio. “Minha casa já foi arrombada oito vezes. Tudo viciado em crack. Levaram três janelas de alumínio, quatro pias, dois aparelhos de ar condicionado, torneiras e até fiação.”

Em quatro anos, a gestão Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, removeu 19 mil famílias em 192 comunidades. O secretário de Habitação, Jorge Bittar, diz que a favela não faz parte das ações para a Copa. Foi escolhida por estar num local “absolutamente impróprio para moradia”.

Entretanto, reconhece falhas no processo. “O plano era reassentar todos ao mesmo tempo, mas houve atraso na obra do Mangueira 2.” O condomínio vai abrigar 248 famílias. As demais ficarão num conjunto próximo.

Enquanto a remoção não ocorre, Francicleide da Costa, 44, presidente da associação de moradores, reivindica a presença do poder público.

“A Comlurb [companhia de limpeza urbana] quase nunca passa por aqui. As casas abandonadas são viveiros de ratos. O cheiro é insuportável.”

Bittar diz que pretende concluir as remoções em três semanas. Até lá… “Vamos pedir à Comlurb para retirar o lixo com mais frequência. Posso falar com a Secretaria de Ação Social para fazer um trabalho com o pessoal do crack. E tentar um reforço da segurança.”

Procurado, o prefeito preferiu não conceder entrevista.

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1163545-moradores-de-favela-esquecida-no-rio-vivem-entre-escombros-e-ratos.shtml

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

Comments (1)

  1. Mas segundo a chamada “grande imprensa” já estaria reeleito, com 57% dos votos do Rio de Janeiro!!!

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