Cartas e manifestações de protestos contra a portaria da Advocacia Geral da União (AGU) pipocaram na semana passada em vários estados brasileiros. Os Kayapó enviaram carta e depois fecharam a BR-163, em Mato Grosso, enquanto outros povos e organizações indígenas protestavam na capital do estado, Cuiabá, em Palmas (TO), em Brasília, em Boa Vista (RR) e em Mato Grosso do Sul. Neste último caso, os Guarani-Kaiowá foram reprimidos a bala por pistoleiros
Publicada no dia 16 de julho [na realidade, a 303 foi assinada no dia 16 e publicada no dia 17. TP.], a portaria nº 303 da AGU, alvo dos protestos de indígenas, e indigenistas, paralisa a ampliação de Terras Indígenas e determina que a implantação de hidrelétricas e estradas poderá ser feita independentemente de consulta às populações indígenas afetadas quando esses empreendimentos forem considerados “estratégicos” pelo Ministério da Defesa e o Conselho de Defesa Nacional. Segundo a norma, as ampliações de TIs passam a ser exceções: só poderão ocorrer quando forem constatados no processo de demarcação erros jurídicos graves. A alternativa seria anular um processo já finalizado e reiniciá-lo, incluindo a demanda pela ampliação.
A Funai contestou a portaria em 20 de julho em nota técnica, e a AGU concordou em suspendê-la temporariamente até que o governo conclua uma série de reuniões com organizações e povos indígenas para regulamentar a consulta prévia sobre obras que afetem as Terras Indígenas. (mais…)