Por Marco Antônio Nogueira
Papa e Pinochet
A polícia secreta do falecido general Augusto Pinochet liderou uma rede de espionagem dentro e fora do Chile, que se cruzou com o Vaticano, o FBI, as ditaduras latino-americanas e a imprensa mundial, como revelam milhares de arquivos secretos até agora inéditos.
Estes documentos, durante décadas catalogados como reservados, confirmam que os órgãos repressivos chilenos, a DINA [Direção de Inteligência Nacional] primeiro e a CNI [Central Nacional de Informações] depois, mantinham correspondência quase diária com ministros e outras autoridades para coordenar operações em todo o mundo.
O coronel Manuel Contreras, que, como diretor da DINA, planejou ataques nos EUA, Argentina e Itália, tinha poder até para investigar funcionários do Estado, como revela a Circular Reservada 35 F-151 de 1975. “Sua Excelência (Pinochet) determinou que, a partir desta data, nenhum funcionário público seja contratado sem que previamente se anexe a seus antecedentes um relatório da DINA com relação às atividades que o interessado possa ter realizado”, informou o ministro do Interior da época, general Raúl Benavides.
Em 1976, os poderes da DINA foram ampliados e detalhados. Ela podia investigar todos os funcionários, sendo a única responsável para instalar os interfones presidenciais na administração pública. (mais…)