“Guerras na Amazônia do século XVII: resistência indígena à colonização”, de Décio de Alencar Guzmán

Renata Fernandes*

Em 1617, os índios tupinambás que viviam nos estados do Maranhão e do Pará se revoltaram contra os soldados e padres portugueses que estavam instalados no rio Amazonas, iniciando, então, a primeira guerra amazônica entre portugueses e nativos da região. Durando dois anos, essa revolta envolveu milhares de tupinambás, centenas de soldados portugueses e seus aliados indígenas. No entanto, a paz passou a vigorar apenas com o extermínio total da sociedade dos tupinambás, no século XVIII. A explicação para essa primeira guerra travada entre portugueses e povos indígenas após a fundação de Belém é apresentada no livro Guerras na Amazônia do século XVII: resistência indígena à colonização, do Prof. Dr. Décio de Alencar Guzmán, da Editora Estudos Amazônicos.

Além das armas nativas e europeias, das táticas e estratégias, das formas de proteção dos dois lados, o livro apresenta uma visão das razões que fizeram da guerra uma das principais formas de conquista da Amazônia no século XVII. “A razão mais profunda estava na cultura do medo, muito arraigada entre os homens daquele tempo: medo da fome, das doenças, dos estrangeiros (da parte dos índios) e dos nativos inimigos (da parte dos portugueses), medo e fascinação pelo desconhecido”, explica o professor Décio Guzmán, completando que a pobreza foi outra grave razão para a guerra, já que ela provocou a constante necessidade de conquista e busca de riquezas pelos portugueses que, neste caso, exploraram a força de trabalho dos índios e suas terras.

As razões para a derrota dos índios e a imposição da paz armada pelos portugueses e seus aliados estão no centro da narrativa do livro. Segundo o historiador, a obra tenta conhecer a sociedade colonial paraense a partir desse caso específico. “Procuro explicar o evento da guerra explorando diversos ângulos da sociedade colonial em formação no Pará e no Maranhão do século XVII. É uma abordagem que tenta apresentar os valores e os significados que orientaram os homens e mulheres fundadores da sociedade colonial paraense do século XVII. Por isso, é essencialmente uma abordagem de história, mas também de antropologia”, detalha.

Além disso, o leitor encontrará detalhes sobre o cotidiano dos tupinambás e portugueses nos tempos de paz e de guerra, as epidemias que afligiam a ambos no século XVII e, sobretudo, as personagens deste período histórico, com suas dores, alegrias, incertezas e grande coragem para criar uma sociedade nova.

De acordo com Décio Guzmán, conhecer as guerras entre nativos e europeus no Pará e na Amazônia do século XVII, e por meio delas ter noção da sociedade que foi se constituindo a partir daí, é uma forma essencial para encontrar respostas aos problemas de hoje, como a pobreza nas grandes cidades paraenses e o trabalho escravo nas fazendas do sul do estado. “O nosso presente, os acontecimentos que estamos vivendo hoje, contém ressonâncias dos acontecimentos já passados, da história. Por mais afastados no tempo que pareçam estes acontecimentos, influenciam as nossas necessidades e situações que vivemos no presente”, afirma.

O autor ainda ressalta que as guerras no século XVII ocasionaram o surgimento da mestiçagem cultural tanto para os indígenas (a europeização) quanto para os europeus (a indigenização). “Com o contato entre culturas promovido pelas guerras do século XVII, despontou a cultura cabocla amazônica”, diz.

A obra integra uma coleção inédita de livros paradidáticos lançada pela Editora Estudos Amazônicos, que visa oferecer a estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental um material com conteúdo inteiramente voltado à realidade amazônica, abordando desde o período colonial até a Amazônia contemporânea.

Serviço: Guerras na Amazônia do século XVII: resistência indígena à colonização, do Prof. Dr. Décio de Alencar Guzmán, está à venda na Editora Estudos Amazônicos, localizada na Av. Senador Lemos, 135 – Umarizal. Informações: (91) 3212-7308.

*Assessoria de Comunicação da Editora Estudos Amazônicos

LIVRO “Guerras na Amazônia do século XVII: resistência indígena à colonização”

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.