Adolescentes se prostituem por até R$ 20 em Timóteo

Meninas vão para as margens da BR-381 em busca de clientes

Centro de Assistência Social atende 90 casos e acaba de lançar campanha

Daniel Antunes

TIMÓTEO – A adolescente S.L., de 14 anos, passa boa parte do tempo perambulando à beira da BR-381, entre os municípios de Timóteo e Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, à procura de clientes. Os programas, realizados, na maioria das vezes, dentro da boleia de caminhões, custam entre R$ 10 e R$ 20. O dinheiro que consegue é usado para comprar roupas, já que o pai, desempregado, e a mãe, dona de casa, não têm condições de sustentar os desejos de consumo da garota.

“Comecei a fazer programas no ano passado. Não gosto disso, mas é uma alternativa para conseguir dinheiro rápido”, conta a menina, que largou os estudos e tem medo que os familiares saibam da atividade. “Não sei qual seria a reação deles”, afirmou.

A garota não está sozinha. Ela ajuda a engrossar uma lista de 90 casos de atendimentos mantidos pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da Prefeitura de Timóteo, município com cerca de 90 mil habitantes, que fica a 196 quilômetros de Belo Horizonte.

Os casos são acompanhados por uma equipe formada por três assistentes sociais e duas psicólogas. “Na maioria das vezes, as meninas vítimas de abuso sexual se tornam vítimas da exploração. Essas garotas percebem que o corpo machucado, que rende prazer para o outro, é dinheiro para elas”, afirma a psicóloga do Creas, Maria Elisa Rezende Queiroz.

A incidência nos registros que envolvem crianças de 2 anos a jovens de 17 chamou a atenção dos técnicos do Creas, que lançaram, recentemente, o projeto “O silêncio não é uma opção. Denuncie”.

O programa tem por base palestras ministradas nas escolas do município para alunos, professores e diretores. “Um professor pode detectar um caso de abuso sexual, dependendo do comportamento do aluno. O perfil dos abusadores geralmente está ligado a pessoas de confiança dos familiares e, na maioria dos casos, eles são membros da própria família, como um tio, avô, padrasto e até o próprio pai”, explica Maria Elisa.

Os casos que chegam ao Creas geralmente são denunciados pelo Conselho Tutelar e Polícia Rodoviária. Além da BR-381, o município tem mapeado como ponto de exploração sexual de crianças e adolescentes as proximidades do distrito de Cachoeira do Vale, também nas margens da rodovia.

O Creas alerta que os pais podem ajudar a proteger os filhos do abuso sexual conversando abertamente com eles sobre o assunto e dando informações adequadas.

http://www.hojeemdia.com.br/minas/adolescentes-se-prostituem-por-ate-r-20-em-timoteo-1.451390

Enviada por José Carlos.

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