Os nossos holocaustos

Cristovam Buarque*

Nesta semana, o Brasil comemorou o Dia do Índio. Para a maioria da população, este é um dia de folclore. Mas, na verdade, é um momento de reflexão sobre o holocausto que cometemos contra as nações indígenas. A história do Brasil é, em parte, a história de um longo holocausto que ainda não terminou.

De 4 milhões a 6 milhões de indígenas que habitavam o Brasil e viviam em harmonia com a natureza, hoje apenas 817 mil sobrevivem (Censo de 2010). Eles foram sendo mortos pelo excesso de trabalho, pela fome e mesmo pela caça que os tratava como animais. E hoje a maior parte vive na mais absoluta miséria, sem terras e sem uma política pública eficiente por parte dos governos.

Pode ter sido um holocausto mais lento, não menos doloroso e imoral do que a brutalidade cometida pelos nazistas contra o povo judeu, ao considerarmos toda a dimensão da tragédia indígena. E, no nosso caso, o holocausto continua sendo feito por represas, estradas e garimpos, que matam índios, provocando alcoolismo e suicídio, e destruição de seus habitats e etnias.

Mas esse não foi nosso único holocausto. Ao longo de 300 anos, desde quando chegaram aqui os primeiros escravos africanos, até 1888, quando foi proclamada a Abolição da Escravatura, pelo menos quatro milhões de seres humanos foram arrancados da África e trazidos para o Brasil, onde foram sacrificados no trabalho forçado, tratados como mercadoria, sem direito aos filhos, tratados como mobiliários ou ferramentas. (mais…)

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Diário Oficial publica nomeação de nova presidenta da Funai

Christina Machado, Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Diário Oficial da União publica hoje (23) a nomeação de Marta Maria do Amaral Azevedo como nova presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ela assume o lugar de Márcio Meira, que foi exonerado a pedido.

Em outro ato, Meira foi nomeado assessor especial do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Marta Maria é antropóloga. É a primeira mulher a ocupar a presidência da Funai.

Edição: Graça Adjuto

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-04-23/diario-oficial-publica-nomeacao-de-nova-presidenta-da-funai

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Indígenas desafiam fronteiras e se unem contra grandes obras na América Latina

Grupos buscam trocar experiências bem-sucedidas e unificar posição junto a organizações internacionais

Desafiando as fronteiras nacionais, indígenas de países latino-americanos estão se articulando de forma inédita na oposição a obras que afetam seus territórios e a políticas transnacionais de integração.

João Fellet

Com o auxílio de tecnologias modernas e de conexões históricas, índios de diferentes grupos têm buscado unificar posições em organizações internacionais como ONU e a OEA (Organização dos Estados Americanos). Experiências bem-sucedidas por toda a América Latina em disputas com governos e empresas também vêm sendo compartilhadas.

“Estamos mapeando todas as conquistas dos nossos parentes (povos indígenas) no continente para aproveitarmos as experiências deles aqui no Brasil”, afirma Marcos Apurinã, coordenador-geral da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).

“Nossos problemas são praticamente idênticos aos dos indígenas dos outros países”, diz ele à BBC Brasil.

Essa aproximação tem sido liderada pelas grandes organizações indígenas nacionais e por movimentos regionais, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), que agrega grupos do Equador, Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. (mais…)

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Caatinga, um bioma desconhecido e a “Convivência com o Semi Árido”. Entrevista especial com Haroldo Schistek

“A Caatinga ocupa 11% do território nacional e mereceria, sem dúvida, um enfoque apropriado e políticas públicas feitas exclusivamente para a área que engloba. Esta área corresponde às superfícies da Alemanha e França juntas”, constata o  idealizador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA, com sede em Juazeiro, BA

“A Caatinga é o bioma mais frágil que temos no Brasil. A ciência, identificando sua fauna e flora, nos mostra que não existe uma Caatinga só, mas muitas formas, criadas pela interação de seus seres vivos com o conjunto edafoclimático local. O clima é Semi Árido, com uma estação chuvosa curta e longos meses sem chuva, onde a evaporação potencial supera a precipitação praticamente em todos os meses do ano”, constata, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Haroldo Schistek.

Segundo ele, defensor do paradigma “Convivência com o Semi-Árido”, a “Caatinga ocupa 11% do território nacional e mereceria, sem dúvida, um enfoque apropriado e políticas públicas feitas exclusivamente para a área que engloba”.

Schistek avalia ainda que não se pode pensar o Semi Árido Brasileiro com seu bioma Caatinga de forma isolada, com propostas setoriais. “A educação escolar tradicional tem contribuído muito para espalhar uma imagem de inviabilidade econômica, feiura e morte”, diz. (mais…)

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Torturados na ditadura ainda esperam por justiça em Minas Gerais

Estudantes da Faculdade de Direito da UFMG protestaram contra as ações da ditadura militar em 1972

MP começou a ouvir 80 militantes presos no período do regime militar, ou que tiveram parentes desaparecidos

Amália Goulart – Do Hoje em Dia

O Ministério Público Federal em Minas Gerais começa a ouvir cerca de 80 pessoas que foram torturadas, presas ou tiveram parentes desaparecidos durante o período da ditadura militar. A instituição abriu inquérito civil público para apurar cinco mortes e um caso de desaparecimento na época do regime. Para quem vive o drama de identificar-se nas terríveis histórias que marcaram o período, a esperança é a de que o MPF consiga punição para os acusados pelo desaparecimento e aponte onde estão os restos mortais dos demais militantes de esquerda. (mais…)

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Documento levará a Saúde para debate na Rio+20

Sociedade pode contribuir para aperfeiçoar documento que será apresentado no Seminário Nacional sobre Saúde na Rio +20 previsto para os dias 15 e 16 de maio, em Brasília

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) colocou para contribuição pública o documento “Saúde na Rio +20: desenvolvimento sustentável, ambiente e saúde”. O objetivo do documento é inserir o tema “saúde” na pauta da Conferência e recebe contribuições até a primeira semana de maio.

Produzido pelo Grupo de Trabalho da Saúde para Rio +20, o texto apresenta três eixos principais: economia verde e saúde; sustentabilidade e saúde; e governança e saúde. A redação destaca a premissa de que não existe desenvolvimento sustentável sem saúde.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável deste ano, conhecida por Rio +20, já apresentou o rascunho do texto base responsável por conduzir os debates durante o evento. Com 19 páginas e elaborado com a participação de vários países, o documento aborda temas de economia, social e ambiente sem fazer menção à saúde.

Para o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel, a não inclusão da saúde na pauta da Conferência representa uma lacuna inaceitável no debate. “A saúde tem uma importância tanto naquilo que se refere à ocorrência de problemas decorrentes da crise ambiental, o impacto que tem na saúde da população, como também tem a possibilidade de contribuir com a exploração sustentável da biodiversidade, ou seja, a saúde não estar neste debate é um verdadeiro absurdo”, destacou Rangel. (mais…)

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Brasil: líder mundial em alimentos envenenados

Por Tatiana Achcar – Habitat

Nunca tivemos tanta comida produzida no mundo, mesmo assim um milhão de pessoas passam fome e outro milhão come menos do que necessita. A fome é um problema de economia mundial. Em 20 anos, o Brasil tomará dos Estados Unidos a liderança mundial na produção de alimentos. No entanto, 49% dos brasileiros estão acima do peso, sendo 16% obesos, segundo o Ministério da Saúde. A obesidade é um problema de saúde pública, logo, de economia nacional. Por que esse disparate entre a grande quantidade de alimento e a fome e o sobrepeso? Apesar das commodities agrícolas bombarem as bolsas de valores, o sistema alimentar mundial tem falhas, e das grossas: o modo de produção usa recursos naturais de maneira abusiva, o sistema está baseado na industrialização, que artificializa o alimento, e a distribuição é concentrada e controlada por poucos gigantes do setor. Alimentação em quantidade e qualidade adequada e saudável é um direito humano, mas virou artigo de luxo.

Em seu discurso de posse, no dia 18 de abril, a nova presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, a antropóloga Maria Emília Pacheco, criticou os agrotóxicos, os alimentos transgênicos e a livre atuação das grandes corporações, apoiada na irrestrita publicidade de alimentos, especialmente entre o público infantil, como nocivas para a segurança e soberania alimentar. “O caminho percorrido historicamente pelo Brasil com seu atual modelo de produção nos levou ao lugar do qual não nos orgulhamos de maior consumidor de agrotóxicos no mundo e uma das maiores áreas de plantação de transgênicos”, afirmou. (mais…)

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Tia Suzana, meu amor

José Ribamar Bessa Freire

“Aquilo que vivemos não está no mundo, está na maneira como olhamos para ele”. É o que nos diz o romancista português Antônio Alçada Baptista, autor de uma vasta obra. Tudo depende, então, dos significados que cada um atribui àquilo que viveu. Quem concorda com essa definição é Gabriel Garcia Márquez, que acrescenta, no entanto, mais duas dimensões, além do olhar: a memória e a capacidade de narrar.

– A vida não é aquela que uma pessoa viveu, mas a que ela recorda e como recorda para contá-la – escreveu o escritor colombiano.

Pensando bem, parece que os dois têm razão. Nossa vida acaba sendo isso mesmo: o que olhamos, o que lembramos e o que narramos. No frigir dos ovos, é a isso que a vida se reduz. Se não lembramos, se não narramos, não existiu. Se lembramos e narramos de uma determinada forma, é essa forma que prevalece. “The rest is silence”, nas últimas palavras de Hamlet, antes de morrer. Ou “o resto é farofa de abobrinha”, na tradução do meu sobrinho Pão Molhado, que gosta de filosofar.

Lembrei do Antonio Alçada agora, nesta semana em que celebramos a presença dos índios no Brasil, por causa de uma história que ele contou, em 1982, a mim e ao escritor amazonense Márcio Souza, quando juntos o visitamos, em Lisboa, no Instituto Português do Livro do qual ele era, então, presidente.

Alçada, falecido há três anos, era um grande contador de histórias, divertido e sedutor. Escrevia, ainda, crônicas saborosas no jornal O Dia, do qual foi redator-chefe. O fato que nos contou ocorreu em uma viagem de turismo de barco que ele fez pelo sul do Mar Egeu com um grupo de amigos portugueses. (mais…)

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“Direitos Humanos & Ajustes Ambientais”: marisqueir@s e pescador@s artesanais

Direitos Humanos & Ajustes Ambientais é um vídeo produzido no intuito de comunicar à sociedade e governantes sobre questões relacionadas à nossa população de baixa renda e sobre a apropriação da área ambiental. Trata-se também de uma homenagem ao dia Internacional da Mulher. Gerando análises e questionamentos, O Multimídia Nagô – Artista Multimídia & Cidadão do Mundo. Partilhada por Ney Didãn.

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