MPF entra na briga de Pataxós com a Prefeitura de Carmésia para assegurar direitos das tribos
A aldeia Guarani é formada por 324 pataxós, divididos em três grupos, em uma área de 3.200 hectares. Eles chegaram ao Vale do Rio Doce há quatro décadas, depois de expulsos da Bahia. Os que não trabalham fora sobrevivem do artesanato.
Cada um dos grupos tem um líder. A aldeia Retirinho é chefiada pela cacique Apinaera Pataxó; a Imbiruçu, pelo cacique Romildo Pataxó; a sede, onde fica a maioria das famílias, pelo cacique Mesaque Pataxó. “Se não respeitarem nossos direitos, vamos ocupar a prefeitura”, avisa o vice-cacique da sede, Alexandre Pataxó, sem revelar a data.
O protesto contra a suposta* falta de investimentos começou a ser articulado na semana passada, quando os moradores da aldeia sede despejaram, na porta da prefeitura, o lixo que teria deixado de ser recolhido pelo serviço de limpeza municipal, por mais de 20 dias, na comunidade.
Apesar disso, o professor e coordenador cultural da aldeia, Ararybhy Pataxó, o “Pretinho”, garante que a falta de coleta é o menor dos problemas. Ele afirma que a ambulância enviada pelo Estado há três anos quase não sai da garagem, por falta de manutenção e de motorista.
Pretinho denuncia também que o posto de saúde não atende às necessidades dos três grupos indígenas e que a nova unidade de saúde está abandonada. Ela não contaria com funcionários nem equipamentos, embora R$ 142 mil tenham sido destinados para a obra e para a compra de aparelhos e de um carro, e outros fins.
Outro repasse de R$ 500 mil para a área cultural também não teria sido investido na aldeia. “Por falta de recursos, não conseguimos sequer concluir a construção da cabana. É nela que fazemos reuniões e casamentos, solenidades que são importantes para nós”, reclama.
A falta de saneamento básico é outro drama. Segundo Ararybhy Pataxó, a vida útil da fossa de alguns banheiros acabou e, sem rede de esgoto, a maior parte dos dejetos cai no córrego que corta a aldeia. Por esse motivo, só é permitido tomar banho e captar água para consumo em outro local. Um incêndio, em 2003, teria consumido cerca de 80% da reserva e assoreado o curso d’água, que transborda e inunda casas na época das chuvas, comprometendo as pontes e a saúde dos índios.
“Tentamos limpar o córrego com as mãos, mas não deu certo. Em 2010, protocolamos um pedido na prefeitura e desde então esperamos que enviem máquinas para fazer o serviço”, reclama o coordenador cultural. Segundo ele, na internet, as lideranças da aldeia teriam descoberto que verbas foram destinadas aos pataxós de Carmésia, mas a prefeitura não teria dado uma posição sobre os investimentos. “Queremos saber onde está o dinheiro”, diz Alexandre Pataxó.
http://www.hojeemdia.com.br/minas/reuni-o-busca-selar-paz-com-indios-no-vale-do-aco-1.436178
*Nota: Os realces em vermelho foram feitos por este Blog e denunciam a forma diferenciada como são tratadas as afirmações das “autoridades” e as “alegações” dos Pataxó.