O Movimento Negro e demais entidades do estado do Tocantins repudiam, através de nota distribuída à imprensa na tarde desta sexta, 20, a utilização do nome do herói negro Zumbi, pela Polícia Civil do Tocantins em operação deflagrada nesta sexta-feira, 20, cujo objetivo é intensificar o combate ao uso e ao tráfico de substâncias entorpecentes na Capital.
De acordo com as entidades – veja relação no final da matéria – o ato em si revela o despreparo das instituições do estado brasileiro para lidar com as questões étnico-raciais. “Na maioria das vezes é atribuída à população negra os atos de delitos que ocorrem no país, isso talvez seja explicado porque 70% dos pobres são negros e negras”, diz a nota.
O protesto afirma que ao denominar de “Operação Zumbi” uma ação que visa o combate ao uso e ao tráfico de substâncias entorpecentes na Capital, a Policia Civil do Estado do Tocantins passa uma mensagem subliminar de que os infratores da lei, ou traficantes de drogas “supostamente estariam entre a população negra de Palmas, além de ofender a memória de um herói nacional”.
Ao jornal O GIRASSOL, a Polícia Civil até o momento não se pronunciou sobre o assunto.
História
Zumbi dos Palmares nasceu no ano de 1655 em Alagoas. Reconhecido como um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial se tornou líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. Esse quilombo estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares em Alagoas. Na época em que foi líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Ali, os negros viviam livres produzindo tudo o que precisavam para a própria sobrevivência. Zumbi é um símbolo da resistência e luta contra a escravidão, Zumbi lutou pela liberdade de culto e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.
Assinam a nota de repúdio:
Coletivo Nacional Enegrecer/TO
Agentes de Pastoral Negra – APNs/TO
Diretoria de Combate ao Racismo da UNE
Grupo de Consciência Negra do Tocantins – GRUCONTO
Fórum Permanente de Educação e Cultura Afro Brasileira do Tocantins
Grupo de Estudos Feministas Dina Guerrilheira
Diretório Central dos Estudantes – UFT
Centro de Direitos Humanos de Palmas
Instituto Art Afro e Direitos Humanos de Miracema – TO
http://www.ogirassol.com.br/pagina.php?editoria=%C3%9Altimas%20Not%C3%ADcias&idnoticia=38438