Índios e quilombolas de MT fazem semana de luto contra PEC 215 a partir de amanhã, 16

Keka Werneck, do Centro Burnier Fé e Justiça

“Semana de luto! Nenhuma festa, façam silêncio…” Mais de 150 índios estão saindo de suas aldeias em direção à Cuiabá para o Encontro dos Povos Indígenas do Mato Grosso, que  começa amanhã, segunda-feira, dia 16, às 8 horas, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Faz tempo que Mato Grosso não vê uma grande mobilização indígena assim. Para marcar o mês de abril e especialmente o 19 de abril, Dia do Índio, os povos querem rechaçar publicamente o Projeto de Emenda Constitucional PEC 215, que versa sobre terras indígenas.

As etnias entendem que há um ataque constante às reservas dentro do Congresso Nacional promovido pelas bancadas ruralista e industrial. A PEC 215 seria talvez a mais ofensiva das mais de 15 peças que tramitam no Congresso, sempre no sentido de reduzir os limites das reservas, em nome do chamado progresso, do agronegócio, das monoculturas e da pecuária. Em nome também da industrialização que exige energia elétrica, que impõe a construção crescente de usinas hidrelétricas nos fluentes rios amazônicos e de outras regiões de Mato Grosso.

A PEC 215 versa também sobre terras quilombolas e é por isso que mais de 150 remanescentes de escravos também vão sair de suas comunidades para juntar nessa luta.

Outro apoio será dado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que na próxima semana também estará realizando em todo estado e especialmente em Cuiabá, atos por reforma agrária e contra o latifúndio.

No dia 18, o encontro fecha com um ato público em clima de funeral, unindo índios, quilombolas e sem terra, às 9 horas, na Praça Ulisses Guimarães.

Os índios e quilombolas vão discutir dias 16 e 17 de abril sobre as lutas históricos dos dois movimentos e observar a conjuntura política nacional e regional. Vão tratar também sobre a Rio+20 e a Cúpula dos Povos e Mudanças Climáticas, dois eventos que serão realizados em junho no Rio de Janeiro. A Rio+20 reúne gestores das nações de todo o mundo duas décadas depois da Rio-92, que inaugurou a discussão ambiental de uma forma mais global. E a Cúpula dos Povos será um evento paralelo, reunindo a sociedade civil, com a mesma pauta central: o que vamos fazer para salvar o planeta do capitalismo e da destruição ambiental contínua em nome do desenvolvimento.

Ao final do evento, será escrita uma carta a ser protocolada junto ao Governo do Estado e os poderes constituídos.

http://www.24horasnews.com.br/index.php?tipo=ler&mat=409471

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