Por Iser Assessoria
Reunimos aqui artigos e estudos importantes para compreender as diversas questões que estarão envolvidas, em junho de 2012, na Rio+20 e na Cúpula dos Povos. Fundamentalmente estará em jogo a interrelação de três aspectos importantes da vida: a natureza, a sociedade e a economia.
O objetivo desta reunião de documentos é facilitar para um público mais amplo o acesso a análises de pessoas que tem um posicionamento mais crítico ao crescimento da economia em detrimento dos direitos humanos e dos direitos da natureza.
Dividimos os artigos em quatro blocos temáticos:
- Bem-Viver
- Crítica à Economia Verde
- Energia
- Por Outra Economia
1. Bem-Viver
Bem-Viver: Germinando alternativas ao desenvolvimento
Eduardo Gudynas – O “Bem-Viver” engloba um conjunto de idéias que está sendo forjado como reação e alternativa aos conceitos convencionais de desenvolvimento. Esse termo está adquirindo vários sentidos que exploram perspectivas criativas tanto no plano das idéias como nas práticas. Também em espanhol:
BUEN VIVIR: GERMINANDO ALTERNATIVAS AL DESARROLLO
Bem-viver: proposta de vida na Terra
Pedro de A. Ribeiro de Oliveira – No contexto de crise planetária, as pessoas que proclamam “um novo mundo possível” se voltam para outras fontes de saber, que não seja aquela que nos levou à crise. De Nossa América vem a novidade do Bem-viver que, como toda utopia, tem a função prática de fazer avançar, corrigir erros e retificar a caminhada, bem como a função teórica de abrir novos horizontes para a ética, a economia, a cultura, a política e a espiritualidade.
Elementos para a busca do bem-viver – sumak kawsay – para todos e sempre
PAULO SUESS – Na construção do “bem-viver”, dois eixos são sumamente importantes: o “bem-viver” para todos, combatendo uma sociedade de classes e privilégios. E o “bem-viver” para sempre, que é o “bem-viver” com memória histórica, não apenas dos sobreviventes e vencedores, mas que dá voz e ouvido aos vencidos.
Iser Assessoria – Em 2010 o Instituto Humanitas da Unisinos, São Leopoldo, RS, publicou uma serie de artigos trazendo para nós o conceito do Bem-Viver que nas línguas dos povos originários soa como Sumak Kawsay (quíchua), Suma Qamaña (aimará), Teko Porã (guarani). Temos aqui uma grande contribuição dos povos latino-americanos para as transformações necessárias neste início do século XXI.
2. Economia Verde – Crítica
WRM – Boletim Mensal do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, n. 175, fev. 2012. O tema Central deste Boletim é Serviços Ambientais. No ano em que irá acontecer a conferência Rio+20 sobre meio ambiente, o Movimento Mundial Pelas Florestas Tropicais traz informações sobre o ‘pagamento e comércio em serviços ambientais’
Contra uma avalanche verde, aposta nos territórios do futuro
Lívia Duarte – Em busca de uma “outra economia”, representantes de entidades e movimentos sociais críticos à economia verde se reuniram no seminário “Rumo à Rio+20: Por uma outra economia”. Para encontrar um novo modo de viver não é preciso sair do zero. Não faltam práticas e conceitos em construção à margem da hegemonia: o bem-viver, os bens-comuns, o decrescimento, justiça ambiental, economia do cuidado, comunidades tradicionais e camponesas. O desafio estará em tornar visíveis práticas tão plurais.
La Economía Verde: el lobo se viste con piel de cordero
Edgardo Lander – Em preparação para a Rio+20 foram postos novamente em marcha todos os dispositivos científicos e imaginários com os que contam os governos e os organismos. Trata-se de uma nova e sofisticada ofensiva destinada a circunscrever os problemas da crise terminal deste padrão civilizatório hegemônico em termos tais que não ponha em questão a operação global das relações políticas e econômicas hoje dominantes no planeta. O autor é Professor titular de Ciências Sociais da Universidade Central de Venezuela e pesquisador de Transnational Institute – www.tni.org
Cúpula dos Povos: uma agenda alternativa à Rio+20
Fátima Mello – “Temos a absoluta convicção de que a economia verde proposta pelas Nações Unidas e pelas corporações que estão dominando o debate levará o mundo ao colapso”, afirma a diretora da FASE e membro do comitê facilitador da sociedade civil para a Rio+20.
Por trás do documento que pautará a Rio+20 oficial
Iara Pietricovsky – O documento que servirá de base para os acordos e resultados da Rio+20 oficial da ONU – chamado de rascunho zero (“zero draft”) – foi publicado no início de janeiro de 2012. Seu texto e sua estrutura revelam uma tentativa enfática de estimular práticas menos danosas para o meio ambiente dentro do modelo econômico hoje vigente. Mas não questiona o caráter insustentável desse mesmo sistema de desenvolvimento.
O Futuro Que Eles Querem – Uma Crítica ao Rascunho Zero da Rio+20
Várias organizações – ONGs e OSCs da Ásia, África, América Latina e Europa, todas reconhecidas na luta pela equidade e justiça ambiental, apresentam os pontos mais preocupantes do documento de trabalho da Rio+20.
VV.AA. – Las propuestas desarrolladas por el Estado Plurinacional de Bolivia recogen y se basan en los avances de la Carta Mundial de la Naturaleza (1982), la Declaración de Río (1992), la Carta de la Tierra (2000), y la Conferencia Mundial de los Pueblos sobre Cambio Climático y Derechos de la Madre Tierra (2010).
Michael Löwy critica Rio+20 e a propaganda da ‘economia verde’
Bárbara Mengardo – Pesquisador diz não esperar nada da cúpula, critica a ‘economia verde’ e aponta movimentos indígenas e camponeses como dois dos principais agentes na luta por uma “sociedade mais limpa”. Veja entrevista dada a Caros Amigos.
3. Energia
Energias do amanhã. O Brasil olhando pelo retrovisor?
Manuel Lume – “O Brasil ocupa posição de destaque no cenário energético do mundo, mas pode estar investindo olhando a realidade pelo retrovisor”, escreve Lume em artigo no sítio Envolverde, 15-08-2010, tendo presente os ‘Diálogos Capitais’ promovido pela Carta Capital e pela Envolverde que convidaram executivos e especialistas para debater as “Energias do amanhã”.
A crise civilizacional e os desafios das alternativas energéticas.
Heitor Scalambrini Costa – Devemos visualizar e apontar para um mundo sem combustíveis fósseis, com matrizes energéticas que utilizam recursos energéticos locais, geridas e produzidas localmente de maneira descentralizada, evitando as perdas por transmissão e distribuição.
Por uma nova economia energética
Ricardo Abramovay – A construção do futuro energeticamente limpo já começou. Ela tem que ser dramaticamente acelerada e, para isso, a condição é que a eficiência no uso de energia e materiais passe a ocupar, de fato, o centro da inovação tecnológica contemporânea. A ideia, tão corriqueira, de que, se esses caminhos de transição fossem tecnicamente viáveis e, de fato, positivos, o mercado já os teria levado adiante, é falsa.
A questão da água na América Latina
Roberto Malvezzi – Estamos em meio a uma profunda crise civilizatória. O modelo civilizatório ocidental, alicerçado na exploração de seres humanos por outros seres humanos e na intensa exploração da natureza por uma restrita elite mundial, já não tem mais sustentação. A privatização da água passa pela elaboração de grandes estratégias, mapeando a abundância da água nas regiões do planeta e construindo planos que, ao longo prazo, permitam a apropriação privada desse bem em escala mundial.
4. Por outra Economia
Por uma nova concepção de Desenvolvimento
Ivo Lesbaupin – A saída da crise mundial não pode ser a retomada do crescimento econômico anterior, apoiado na lógica “produtivista-consumista”: a saída é o estabelecimento de um modelo de sociedade baseado em uma economia solidária e ecológica, na relação respeitosa com a natureza e na busca do bem-viver.
A economia ecológica e os desafios para os economistas de esquerda
Ricardo Abramovay – Mais do que discutir quais são as propostas da direita ou esquerda, a crise trouxe a “necessidade de repensar a relação entre sociedade e natureza”. Abramovay defende a integração articulada entre sociedade e natureza numa mesma estrutura analítica. Para ele, muitos economistas de esquerda desconsideram esse fato e ignoram o debate ambiental, preocupados apenas com a ideia “de que é necessário intervir para garantir o crescimento e a melhor distribuição de renda”.
Rumo a um novo paradigma na Rio+20
Fátima Mello – Em junho de 2012 o Rio sediará a conferência Rio+20 em um momento de encruzilhada para a humanidade. Vinte anos depois, a conferência pretende fazer um balanço dos compromissos estabelecidos na Rio 92. Mais uma vez, assistirmos a uma massiva mobilização social nas ruas e a uma conferência oficial com grandes repercussões na mídia, mas sem conseqüências práticas nem acordos substantivos e vinculantes que possam encaminhar soluções à altura da crise vivida pela humanidade e pelo planeta.
Lester Brown e o Plano B para salvar a civilização
Ricardo Voltolini – “Acabo de viver a rica experiência de editar o Plano B 4.0– Mobilização para Salvar a Civilização, o importante livro de Lester Brown, um dos mais notáveis pensadores mundiais da sustentabilidade”, escreve Ricardo Voltolini, em artigo publicado na Revista Idéia Socioambiental.
Manfred Max-Neef e Herman Daly: Dois economistas alternativos
Marcus Eduardo de Oliveira – A economia só faz sentido se for usada para atender as necessidades humanas. A economia precisa respeitar os limites físicos impostos pela natureza, até porque ela é um subsistema da bioesfera finita. Urge promover a conciliação entre a economia e o meio ambiente e extirpar o pensamento econômico tradicional que recomenda o crescimento econômico infinito e exponencial.
Rio +20: Resistir ao ambientalismo de mercado e fortalecer os direitos e a justiça socioambiental
Fase – O Rio de Janeiro sediará em junho de 2012 um evento que poderá simbolizar o encerramento de um ciclo e o início de outro. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável/Rio+20 se propõe a debater três questões: avaliação do cumprimento dos compromissos acordados na Rio 92, economia verde e arquitetura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Enviada por Marta Almeida.