Morales anula contrato da OAS para estrada rejeitada por indígenas

La Paz, 10 abr (EFE).- O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou nesta terça-feira que seu governo iniciou “um processo de anulação” do contrato com a empresa brasileira OAS para a construção da estrada rejeitada pelos indígenas do parque nacional Tipnis e o atribuiu a reiterados descumprimentos da companhia.

Morales reiterou suas queixas pela lentidão das obras da OAS, que constrói três estradas na Bolívia, inclusive a que devia unir o centro do país com o norte amazônico e cujo segundo lance, segundo o projeto, partiria em dois o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis).

Segundo o líder, a empresa suspendeu “sem justificativa nem autorização” os trabalhos nos dois lances dos extremos da estrada, que começou a ser construída em junho de 2011, e descumpriu “várias obrigações contratuais que afetam às obras”, entre outras supostas irregularidades.

“Ontem tive uma longa reunião com a equipe que está a cargo e por isso já iniciamos a anulação do contrato com a OAS nestes dois lances”, disse o presidente à imprensa em La Paz.

Morales se queixou ainda que essa empresa descumpriu o compromisso de entregar em dezembro de 2010 outra estrada no sudeste do país, entre a cidade colonial de Potosí e o Salar de Uyuni, uma das principais atrações turísticas da Bolívia.

Segundo o líder, também está atrasada a estrada que vai de Potosí à região sulina de Tarija, na fronteira com a Argentina e o Paraguai, cuja entrega estava prevista para dezembro passado.

Morales não explicou o que ocorrerá com o lance central da estrada amazônica, que devia atravessar o Tipnis e que os indígenas rejeitam por seus possíveis efeitos sobre o meio ambiente.

Além disso, temem o aumento da invasão da reserva natural por produtores de folha de coca da vizinha região de Chapare, bastião político do presidente.

A OAS adquiriu em 2008 o contrato para a construção da polêmica estrada amazônica de 306 quilômetros, com um investimento de US$ 415 milhões, dos quais o governo brasileiro financia US$ 332 milhões.

Os nativos conseguiram em 2011, com uma passeata de centenas de quilômetros até La Paz, que Morales assinasse uma lei que proíbe a construção de qualquer estrada no Tipnis, mas o líder insistiu em continuar esse projeto.

Embora tenha sido anunciada uma entrevista coletiva de Morales, o líder abandonou o salão após fazer seu anúncio sobre a OAS, sem permitir perguntas dos jornalistas, em uma semana em que seu governo enfrenta vários conflitos trabalhistas e sociais.

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2012/04/10/morales-anula-contrato-da-oas-para-estrada-rejeitada-por-indigenas.jhtm

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