Rodrigo Bittar
Por um voto, os deputados da base governista conseguiram impedir ontem a votação, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição 215/00, que prevê que o Congresso dê a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas e de áreas de conservação ambiental.
O deputado Luiz Couto (PT-PB) apresentou um requerimento para adiamento da votação e pediu verificação de quórum. Como só 33 deputados votaram em Plenário, o número mínimo (34) não foi alcançado e a reunião foi cancelada.
A manobra surpreendeu os deputados que queriam votar a admissibilidade da PEC. Muitos contavam com o quórum de 31 parlamentares, patamar que valia na legislatura passada, quando o PSD não tinha espaço nas comissões. Para atender ao novo partido, um ato da Mesa Diretora aumentou as vagas de nove comissões, entre elas a CCJ, que passou de 61 para 66 deputados – elevando o quórum das deliberações para 34 (metade mais um dos parlamentares).
Pauta – O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara, havia fechado um acordo com a oposição para que a PEC fosse o primeiro item da pauta da CCJ em 2012, mas como alguns integrantes da comissão mudaram, inclusive o presidente, o colegiado preferiu deixar a análise da matéria para ontem.
Com o resultado da votação, no entanto, deputados do PT consideram que o acordo foi cumprido, pois a PEC foi pautada. “O compromisso assumido pelo líder no ano passado era que a PEC seria pautada na primeira sessão deliberativa, isso foi atendido. Nossa luta agora é para que o tema não volte à pauta sem uma discussão profunda da flagrante inconstitucionalidade. Essa proposta não pode sequer ir para a comissão de mérito”, argumentou o deputado Alessandro Molon (PT-RJ).
Os parlamentares da bancada ruralista devem se reunir nos próximos dias para definir como vão tratar o assunto nas próximas reuniões da CCJ.
http://www.camara.gov.br/internet/jornalcamara/default.asp?selecao=materia&codMat=70351